À medida que os Estados europeus navegam pelo atual período caótico, tendo como pano de fundo a guerra comercial global iniciada pelos EUA, vale a pena observar a trajetória do relacionamento da UE com a China.
Recentemente, houve interações intensas entre a China e a UE, bem como seus Estados-membros. O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, conversou por telefone com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na terça-feira. O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, visitará a China de quinta a sexta-feira. No início desta semana, o presidente do parlamento finlandês, Jussi Halla-aho, também visitou a China e, no final de março, o vice-presidente da Comissão Europeia e comissário de Comércio e Segurança Econômica, Maroš Šefčovič, visitou a China. Durante a visita de Sánchez ao Vietnã na quarta-feira, antes de sua viagem à China, ele pediu à UE que revisasse seu relacionamento com a China.
Esses esforços da UE e de seus Estados-membros para fortalecer o engajamento com a China em meio à tempestade tarifária global enviaram um sinal positivo. Durante o telefonema entre Li e von der Leyen, esta última afirmou que é crucial que as relações UE-China mantenham a continuidade e a estabilidade nas circunstâncias atuais. A mídia europeia notou que, mesmo antes da conversa, von der Leyen havia sinalizado uma abordagem mais equilibrada em relação à China, sugerindo espaço para um engajamento construtivo e potencial expansão comercial.
He Zhigao, pesquisador do Instituto de Estudos Europeus da Academia Chinesa de Ciências Sociais, disse ao Global Times na quarta-feira que a atitude de von der Leyen em relação à China é, em parte, resultado da reavaliação da UE em relação às suas relações com a China após o enfraquecimento dos laços de segurança entre Europa e EUA e da aliança baseada em valores devido às políticas adotadas pelo atual governo americano. Ele também observou que a UE ainda demonstra uma mentalidade um tanto hesitante em lidar com a China.
Isso pode ser observado em um debate recente entre os estados-membros da UE – enquanto alguns defendem uma facilitação do comércio com a China, outros expressam preocupações com a perspectiva de importações chinesas como consequência indireta das tarifas americanas.
Em meio a essa situação em rápida mudança, a Europa precisa manter a calma e adotar uma abordagem construtiva em relação à China. A retórica típica dos EUA retrata a China como uma rival comum tanto para os EUA quanto para a Europa, servindo, em última análise, aos interesses dos EUA, enquanto posiciona a Europa como mero trampolim na estratégia de contenção da China de Washington. Medos injustificados em relação à China não ajudarão a Europa a lidar com os dilemas que enfrenta, especialmente quando os EUA estão pressionando o mundo inteiro.
O apoio conjunto da China e da Europa ao comércio aberto e à globalização é particularmente vital, visto que o abuso de tarifas pelos EUA está causando graves perturbações na ordem comercial global. “Não há conflito direto de interesses entre a China e a Europa nos níveis estratégico e de segurança. Ambas são defensoras do multilateralismo e da governança global. A cooperação entre a China e a Europa agora tem mais peso e será de maior valor”, disse Xin Hua, diretor do Centro de Estudos da União Europeia da Universidade de Estudos Internacionais de Xangai, ao Global Times na quarta-feira.
Como o premiê Li observou durante seu telefonema com o presidente da Comissão Europeia, este ano marca o 50º aniversário das relações diplomáticas entre a China e a UE, e o desenvolvimento das relações bilaterais enfrenta importantes oportunidades.
A China e a UE enfrentaram desafios, enquanto interesses comuns impulsionam seu relacionamento e o tornam mais resiliente. A cooperação entre os dois países contribuirá para uma ordem mundial mais justa e equitativa.
Publicado originalmente pelo Global Times em 09/04/2025
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