O Banco do Brasil iniciou um processo para formar uma parceria estratégica envolvendo sua corretora de investimentos. A iniciativa marca um novo movimento da instituição no setor de investimentos e está sendo conduzida com apoio do banco norte-americano Citi, contratado para liderar as tratativas e identificar potenciais interessados.
Segundo informações publicadas pelo jornal Valor Econômico e confirmadas por fontes ligadas à operação, o modelo em análise prevê uma parceria comercial com exclusividade.
O Banco do Brasil ficaria responsável pela distribuição e aporte de capital, enquanto o parceiro escolhido traria soluções tecnológicas, serviços especializados e um portfólio diversificado de produtos voltados ao mercado de investimentos.
O projeto prevê a criação de um novo veículo de corretagem no qual o Banco do Brasil teria participação minoritária, mas com direito a voto.
O desenho final da operação ainda está em definição, e há diferentes estruturas sendo avaliadas internamente, incluindo a possibilidade de fusões e aquisições (M&A), dependendo da viabilidade técnica e do contexto de mercado.
Fontes com conhecimento direto do processo afirmam que há preocupação com o cenário atual de avaliação de ativos. “Estão sendo avaliadas todas as alternativas que preferencialmente não tenham sobreposição ou concorrência com o ‘core business’ do Banco do Brasil”, afirmou uma pessoa envolvida nas discussões.
Outra alternativa considerada é a associação com agentes fiduciários, que poderiam contribuir com tecnologia e produtos financeiros complementares, elevando a capacidade de atendimento da corretora e ampliando a oferta de soluções para os clientes da instituição.
O movimento busca impedir a migração de clientes do Banco do Brasil para plataformas concorrentes, que oferecem opções digitais e produtos de investimento com maior variedade e personalização. A estratégia também visa aumentar a eficiência e a presença do banco nesse segmento por meio do uso de sua infraestrutura e capilaridade.
O setor de corretoras no Brasil passa por um processo de consolidação nos últimos anos. Dados da Associação Nacional das Corretoras (Ancord) indicam que cerca de 50 corretoras operam atualmente no país, número que já foi o dobro há dez anos.
A demanda por investimentos em tecnologia, a necessidade de escala operacional e mudanças regulatórias vêm forçando ajustes nos modelos de negócio das instituições do setor.
Além da corretora, outro ativo que vem sendo monitorado pelo mercado é a gestora BB DTVM, braço de gestão de recursos do Banco do Brasil.
Trata-se da maior gestora do país em volume de ativos sob administração. A instituição já manifestou, em diferentes ocasiões, o interesse em vender uma participação minoritária na DTVM, o que despertou a atenção de fundos internacionais.
A operação da BB DTVM, segundo apuração anterior, teria foco semelhante ao da corretora: manter o controle da instituição enquanto se busca um sócio com experiência global, capaz de agregar valor com tecnologia e gestão especializada. Até o momento, nenhuma negociação foi formalizada publicamente.
Com as mudanças em curso, o Banco do Brasil passa a integrar um grupo de instituições financeiras que reavaliam suas posições no mercado de investimentos e buscam parceiros para ampliar competitividade, reduzir custos operacionais e enfrentar o avanço de plataformas digitais especializadas.
O Citi, responsável por assessorar o Banco do Brasil na busca por um parceiro, atua como advisor financeiro e interlocutor com possíveis investidores estratégicos. O banco norte-americano já conduziu operações semelhantes no setor bancário e de investimentos no Brasil e no exterior.
As próximas etapas do processo devem incluir a análise de propostas não vinculantes, a definição do modelo societário e a avaliação de compatibilidades entre as partes interessadas. Não há previsão oficial para a conclusão das negociações.
O Banco do Brasil não comentou oficialmente o assunto até o momento.
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