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Exportadores chineses abandonam remessas no meio do oceano para evitar tarifaço dos EUA

Em resposta ao agravamento das tensões comerciais entre China e Estados Unidos, empresas exportadoras chinesas começaram a cancelar embarques com destino ao mercado norte-americano, abandonando remessas em trânsito e entregando contêineres às transportadoras para evitar prejuízos decorrentes das tarifas adicionais impostas por Washington. Segundo relatos de fontes ao SCMP, o movimento tem sido descrito internamente […]

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Marcela Pierotti/G1

Em resposta ao agravamento das tensões comerciais entre China e Estados Unidos, empresas exportadoras chinesas começaram a cancelar embarques com destino ao mercado norte-americano, abandonando remessas em trânsito e entregando contêineres às transportadoras para evitar prejuízos decorrentes das tarifas adicionais impostas por Washington.

Segundo relatos de fontes ao SCMP, o movimento tem sido descrito internamente como uma “preparação para a Longa Marcha”, em referência a um período prolongado de dificuldades no comércio transpacífico.

As medidas se intensificaram após a decisão do segundo governo Donald Trump de elevar as tarifas sobre importações chinesas, que agora somam um total de 115%, considerando os novos 104% acrescidos neste ano.

Um funcionário de uma empresa exportadora listada na China, sob condição de anonimato, relatou que o volume diário de contêineres enviados para os Estados Unidos caiu drasticamente, passando de 40 a 50 unidades por dia para apenas três a seis.

“Suspendemos todos os planos de embarque das Filipinas, Vietnã, Indonésia e Malásia”, disse. “Todos os pedidos de fábrica estão suspensos. Tudo o que não foi carregado será descartado, e a carga que já está no mar está sendo recalculada.”

A elevação das tarifas pelos Estados Unidos provocou reação imediata do governo chinês, que anunciou medidas retaliatórias, além de afetar a atividade logística e comercial em diversos países da Ásia.

Exportadores chineses relataram que alguns clientes norte-americanos optaram por abandonar mercadorias já embarcadas. “Ninguém as compraria depois que as tarifas fossem impostas”, teria afirmado um comprador, segundo o funcionário.

Diante da instabilidade, a liderança da empresa retornou à China para lidar com cancelamentos em série e ordenou a suspensão de todos os negócios envolvendo contêineres destinados aos Estados Unidos.

“O prejuízo com cada contêiner que enviamos agora é maior do que o lucro que tínhamos com o envio de dois”, disse o funcionário. “Quem vai continuar fazendo isso? Estamos nos preparando mentalmente para o pior. Não haverá recuperação no curto prazo – provavelmente só em meados do ano que vem.”

Com a retração do mercado norte-americano, empresas exportadoras começaram a redirecionar sua atuação para regiões como Europa e Japão. A estratégia busca mitigar as perdas geradas pela guerra tarifária entre as duas maiores economias do mundo.

Dados oficiais indicam que a China foi a segunda maior fonte de importações dos Estados Unidos em 2024, com um total de US$ 439 bilhões em mercadorias exportadas. Em contrapartida, os EUA venderam US$ 144 bilhões em produtos para o mercado chinês no mesmo período.

Fabricantes chineses relataram uma onda de cancelamentos de pedidos por parte de compradores norte-americanos. Em alguns casos, o volume diário de cancelamentos tem alcançado até 300 contêineres. O cenário levou a uma redução nas operações em diversas fábricas, incluindo cortes de turnos e diminuição da jornada de trabalho.

O impacto também tem sido sentido nos Estados Unidos. A filial norte-americana da empresa mencionada relatou demissões de trabalhadores da linha de produção como resultado direto da queda na demanda.

Especialistas do setor afirmam que os exportadores enfrentam um impasse. A continuidade dos embarques implica em absorver custos tarifários elevados. Por outro lado, o adiamento das remessas pode resultar em tarifas ainda mais altas caso as tensões comerciais se intensifiquem.

Com os fluxos comerciais comprometidos, empresas de transporte também avaliam o impacto financeiro da suspensão dos embarques. A incerteza sobre a duração da política tarifária norte-americana dificulta o planejamento logístico e expõe operadores a riscos operacionais crescentes.

As medidas unilaterais adotadas por Washington integram um pacote mais amplo da atual administração, que alega desequilíbrio nas relações comerciais com a China.

Em resposta, Pequim tem buscado diversificar seus parceiros comerciais e fortalecer rotas alternativas de exportação, ao mesmo tempo em que considera medidas internas para mitigar os impactos sobre o setor industrial.

Analistas observam que a continuidade da disputa poderá afetar cadeias produtivas globais, influenciar os preços de produtos finais e pressionar índices de inflação em diversas economias. Enquanto isso, autoridades comerciais de ambos os países ainda não confirmaram a retomada de negociações formais.

Com exportadores reduzindo suas operações e compradores recuando diante da elevação dos custos, o comércio entre os dois países passa por um período de retração. Empresas e governos acompanham a evolução do conflito tarifário à espera de sinais de estabilização ou de uma eventual reabertura do diálogo bilateral.

Com informações da SCMP

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