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‘Índice do medo’ supera 60 pontos em Wall Street após escalada da guerra comercial

O índice Vix, que mede a expectativa de volatilidade no mercado acionário norte-americano e é conhecido como o “medidor do medo” de Wall Street, ultrapassou nesta segunda-feira, 7, o patamar de 60 pontos. Trata-se do maior nível registrado desde agosto de 2024. A alta reflete o aumento da aversão ao risco por parte dos investidores […]

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Spencer Platt / Getty Images

O índice Vix, que mede a expectativa de volatilidade no mercado acionário norte-americano e é conhecido como o “medidor do medo” de Wall Street, ultrapassou nesta segunda-feira, 7, o patamar de 60 pontos.

Trata-se do maior nível registrado desde agosto de 2024. A alta reflete o aumento da aversão ao risco por parte dos investidores diante da intensificação das disputas comerciais entre os Estados Unidos e seus principais parceiros econômicos.

O movimento do Vix ocorre após o anúncio de um novo pacote tarifário pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O pacote impõe uma tarifa de 10% sobre todas as importações, com alíquotas ainda mais elevadas aplicadas a cerca de 60 países, incluindo China e União Europeia.

A medida gerou reações imediatas de governos estrangeiros e alimentou temores de novas retaliações, elevando a percepção de risco no cenário internacional.

Na Ásia, os mercados acionários sofreram fortes perdas. O índice MSCI, que acompanha o desempenho de ações da região, caiu mais de 8%, marcando o pior desempenho desde 2008.

Em Hong Kong, o índice Hang Seng recuou 13,8%, entrando em território técnico de mercado em baixa (bear market). As perdas se concentraram principalmente nos setores de tecnologia e financeiro.

O volume de negociações atingiu níveis recordes. O yuan offshore também registrou desvalorização, impulsionado por especulações sobre uma possível intervenção cambial do governo chinês.

Nos Estados Unidos, os contratos futuros do índice S&P 500 chegaram a cair 5,4% durante a manhã. A desvalorização acumulada nos últimos dias resultou na perda de mais de US$ 5 trilhões em valor de mercado, de acordo com estimativas de analistas.

Em resposta ao cenário, instituições financeiras internacionais revisaram suas projeções para o índice. O Morgan Stanley alertou para a possibilidade de novas perdas entre 7% e 8%.

O Evercore ISI reduziu sua estimativa para 5.600 pontos, enquanto o Goldman Sachs elevou de 35% para 45% a probabilidade de recessão nos Estados Unidos nos próximos 12 meses.

A alta do Vix acima dos 60 pontos é considerada incomum e reflete a expectativa de forte oscilação nos preços dos ativos nas próximas sessões.

A última vez que o índice atingiu esse patamar foi em agosto, durante um episódio de liquidações globais provocadas pelo aumento inesperado dos juros no Japão. Desde então, o indicador havia se mantido em níveis moderados, acompanhando a relativa estabilidade das principais economias.

A volatilidade atual reacendeu os debates sobre a política monetária do Federal Reserve (Fed). Embora o presidente Donald Trump tenha defendido publicamente cortes na taxa básica de juros como forma de conter os efeitos das tarifas sobre a economia doméstica, o presidente do Fed, Jerome Powell, adotou tom cauteloso em declarações recentes.

Segundo ele, o banco central norte-americano continuará monitorando os impactos inflacionários das novas medidas comerciais antes de decidir por qualquer alteração nas taxas de juros.

A trajetória futura da política monetária é vista como fator relevante para o comportamento dos mercados nos próximos meses. Analistas avaliam que um eventual corte de juros pode mitigar parte da volatilidade, mas alertam que a persistência do conflito comercial tende a manter os ativos sob pressão.

A elevação do Vix é acompanhada de movimentações em outros ativos considerados de proteção. O rendimento dos títulos do Tesouro norte-americano de 10 anos caiu para 3,71%, refletindo a busca por segurança. O ouro voltou a se valorizar no mercado internacional, e o dólar registrou alta frente a uma cesta de moedas emergentes.

A postura da China em relação às tarifas será determinante para os próximos desdobramentos. O Ministério do Comércio do país já indicou que estuda medidas adicionais em resposta ao pacote anunciado por Washington. A União Europeia também sinalizou que poderá adotar contramedidas alinhadas às normas da Organização Mundial do Comércio (OMC).

A nova rodada de tensões amplia as incertezas sobre o desempenho da economia global em 2025. Relatórios preliminares de organizações multilaterais apontam que o comércio internacional poderá sofrer desaceleração, com impacto direto sobre cadeias produtivas e fluxo de capitais.

Especialistas observam que o atual episódio marca uma intensificação da estratégia dos Estados Unidos de utilizar tarifas como instrumento de política econômica. A medida afeta não apenas os países diretamente envolvidos, mas também os mercados globais, por meio do aumento da instabilidade nos fluxos de comércio e investimentos.

O índice Vix continuará sendo monitorado de perto pelos agentes financeiros como termômetro da percepção de risco nos mercados globais. Enquanto não houver clareza sobre os rumos da política comercial e da resposta monetária nos Estados Unidos, a tendência é de manutenção de alta volatilidade nos ativos internacionais.

Com informações da Infomoney

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