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Ato de Bolsonaro reúne menos de 5% do público previsto

O ato convocado por Jair Bolsonaro neste domingo (6 de abril) na Avenida Paulista, em São Paulo, teve um resultado muito aquém do esperado. A expectativa de aliados era reunir 1 milhão de pessoas em apoio ao projeto de anistia aos condenados pelos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023. No entanto, a realidade […]

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Zema, Jorginho Mello, Tarcísio, Bolsonaro, Caiado, Wilson Lima, Ratinho e Mauro Mendes – Foto: Reprodução/Redes sociais


O ato convocado por Jair Bolsonaro neste domingo (6 de abril) na Avenida Paulista, em São Paulo, teve um resultado muito aquém do esperado. A expectativa de aliados era reunir 1 milhão de pessoas em apoio ao projeto de anistia aos condenados pelos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023. No entanto, a realidade foi outra: segundo a Universidade de São Paulo (USP), o pico de público registrado às 15h44 foi de apenas 44,9 mil pessoas — o equivalente a apenas 4,5% do público estimado pelos organizadores. O instituto Datafolha, utilizando metodologia semelhante, estimou um número ligeiramente maior, de 55 mil participantes.

A contagem da USP foi feita em parceria com o Cebrap e a ONG More in Common, com base em imagens aéreas analisadas por software de inteligência artificial. O Datafolha, por sua vez, também utilizou imagens captadas no horário de pico, às 15h42, e apontou que a manifestação ocupou apenas três quarteirões da avenida, entre a alameda Ministro Rocha Azevedo e a rua Pamplona.

Mesmo com o investimento de lideranças bolsonaristas e a presença de figuras importantes do campo da direita, o número final de participantes revelou um fracasso de mobilização. O deputado Eduardo Bolsonaro chegou a falar em “cerca de 1 milhão de brasileiros”, citando supostas estimativas de “jornalistas independentes dos EUA”, que apontariam 700 mil pessoas. Mas nenhuma dessas projeções foi confirmada por levantamentos independentes.

O resultado foi especialmente decepcionante diante do esforço realizado pelo bolsonarismo para transformar o ato em um evento massivo. Em março, o grupo já havia realizado outro protesto em Copacabana, no Rio de Janeiro, também em defesa da anistia, que reuniu apenas 18,3 mil pessoas. A tentativa de reverter esse desempenho modesto na capital paulista não teve sucesso.

A comparação com outras manifestações mostra o esvaziamento da base bolsonarista nas ruas. Em 25 de fevereiro de 2024, um ato semelhante na mesma Avenida Paulista reuniu 185 mil pessoas, mais de quatro vezes o público deste domingo. Em setembro de 2024, outro protesto em São Paulo, que pedia o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, levou 45,7 mil apoiadores — número similar ao de agora, mas ainda inferior às expectativas da época. A sequência de atos cada vez menores expõe uma perda de fôlego da mobilização popular em torno de Bolsonaro.

Além do ex-presidente, o ato contou com a presença de sete governadores alinhados à direita: Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG), Ratinho Junior (PR), Wilson Lima (AM), Ronaldo Caiado (GO), Mauro Mendes (MT) e Jorginho Mello (SC). O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, também compareceu, assim como deputados como Nikolas Ferreira (PL-MG) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

A pauta central do evento foi a defesa da anistia aos condenados pelos ataques golpistas de 8 de janeiro. Parlamentares do PL defendem o projeto de anistia na Câmara dos Deputados, mas ele segue sem previsão de ser pautado pelo presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Discursos durante o ato alternaram apelos por “anistia humanitária” — como disse Michelle Bolsonaro — e ataques ao Supremo Tribunal Federal. Nikolas Ferreira chamou os ministros da Corte de “ditadores de toga”, enquanto Bolsonaro tentou sensibilizar o público ao levar ao palanque a mãe e a irmã de Débora Rodrigues, uma das envolvidas nos ataques aos Três Poderes, que ficou presa por dois anos e cumpre prisão domiciliar. O ex-presidente classificou a condenação de Débora como injusta e negou que os atos de 8 de janeiro tenham sido uma tentativa de golpe.

Bolsonaro ainda ensaiou uma frase em inglês, sugerindo que esperava apoio internacional, aparentemente se dirigindo ao ex-presidente dos EUA Donald Trump.

A manifestação ocorre em um momento delicado para o ex-presidente, que recentemente se tornou réu no Supremo Tribunal Federal por tentativa de abolição do Estado democrático de direito e golpe de Estado. É a primeira vez que um ex-presidente eleito responde a esse tipo de acusação desde a promulgação da Constituição de 1988.

Apesar da mobilização e da tentativa de mostrar força, o ato mostrou que o apoio de rua ao ex-presidente já não é mais o mesmo. Pesquisa divulgada pela Quaest no mesmo dia apontou que 56% da população é contra anistiar os envolvidos nos ataques do 8 de janeiro, e apenas 34% se disseram favoráveis. A desaprovação à proposta de anistia entre a maioria da população brasileira reforça o isolamento do bolsonarismo em sua pauta mais recente.

Com público menor do que o esperado, discursos radicais e um contexto jurídico desfavorável, o ato de 6 de abril acabou por evidenciar mais as dificuldades enfrentadas por Bolsonaro do que sua força política.

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