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Reator chinês supera 100 milhões de graus e estabelece novo recorde em pesquisa de fusão nuclear

Pesquisadores chineses alcançaram um marco técnico em estudos voltados ao desenvolvimento da fusão nuclear como fonte de energia. Um reator experimental manteve uma temperatura de plasma superior a 100 milhões de graus Celsius durante 1.066 segundos, estabelecendo um novo recorde mundial, segundo informações divulgadas pelo South China Morning Post. O experimento foi conduzido no reator […]

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REPRODUÇÃO

Pesquisadores chineses alcançaram um marco técnico em estudos voltados ao desenvolvimento da fusão nuclear como fonte de energia.

Um reator experimental manteve uma temperatura de plasma superior a 100 milhões de graus Celsius durante 1.066 segundos, estabelecendo um novo recorde mundial, segundo informações divulgadas pelo South China Morning Post.

O experimento foi conduzido no reator Experimental Advanced Superconducting Tokamak (EAST), um dispositivo projetado para reproduzir reações nucleares semelhantes às que ocorrem no interior do Sol.

A fusão nuclear é vista como uma potencial fonte de energia de alta densidade, com emissões reduzidas e capacidade para suprir grandes demandas energéticas.

A iniciativa faz parte de um esforço do governo chinês, por meio da Corporação Nuclear Nacional da China (CNC), para desenvolver um protótipo funcional de reator de fusão industrial até 2035. O objetivo é tornar a tecnologia disponível para aplicação comercial em larga escala até 2050.

De acordo com os cientistas responsáveis pelo projeto, o funcionamento do reator envolve o uso de gases hidrogênio e deutério como combustível.

O sistema aquece os átomos a temperaturas elevadas com o intuito de fundi-los em átomos mais pesados, processo que libera grandes quantidades de energia.

A temperatura sustentada no experimento é mais de seis vezes superior à estimada para o núcleo do Sol, que gira em torno de 15 milhões de graus Celsius.

Song Yuntao, diretor do EAST, afirmou: “Para obter plasma autossustentável e permitir que usinas de energia de fusão gerem eletricidade continuamente, um dispositivo de fusão deve operar de forma altamente eficiente em um estado estável por milhares de segundos.”

A obtenção de uma reação de fusão estável e controlada na Terra depende da capacidade de manter o plasma em temperaturas extremamente altas durante períodos prolongados. Esse desafio técnico envolve, além do controle do plasma, o desenvolvimento de materiais capazes de resistir às condições extremas dentro do reator.

Zhou Haishan, professor do Instituto de Ciências Físicas de Hefei, explicou: “Desenvolver materiais de parede que sejam resilientes e resistentes a danos é extremamente difícil. Para testar esses materiais, precisamos de ambientes de simulação avançados.”

A contenção do plasma exige a utilização de campos magnéticos intensos e estruturas internas reforçadas, fabricadas com materiais que resistam ao calor e à radiação gerados pelas reações nucleares. Os especialistas alertam que a criação desses componentes é uma das etapas mais complexas para tornar viável a construção de reatores comerciais.

Em 2023, a mesma instalação já havia atingido um marco anterior ao manter o plasma por 403 segundos. O novo recorde representa um avanço significativo e reforça a posição da China entre os países que lideram os estudos sobre fusão nuclear.

O projeto também contribui para iniciativas multilaterais, como o ITER (Reator Experimental Termonuclear Internacional), construído na França com a participação de 35 países.

A fusão nuclear difere da fissão, utilizada em reatores nucleares convencionais, pois não envolve a quebra de átomos, mas sim a junção de núcleos leves, como os do hidrogênio. A reação não produz gases de efeito estufa e seus resíduos são considerados menos perigosos do que os gerados pela fissão nuclear.

Segundo os cientistas, a realização de uma fusão controlada exige condições que não ocorrem naturalmente na Terra.

Por isso, os experimentos se concentram em reproduzir artificialmente os ambientes encontrados no núcleo de estrelas, onde a pressão e o calor favorecem as reações nucleares. O termo “sol artificial” tem sido usado informalmente para descrever os dispositivos criados com esse propósito.

Apesar do avanço, os pesquisadores afirmam que ainda será necessário superar diversas barreiras antes que a fusão nuclear se torne uma fonte de energia viável. Entre os principais obstáculos estão a eficiência energética do processo, a durabilidade dos materiais estruturais e a construção de sistemas de contenção magnética mais estáveis.

A CNC declarou que a continuidade dos testes será acompanhada de investimentos em pesquisa de materiais e tecnologias auxiliares. O objetivo é garantir que os protótipos futuros operem de forma contínua, segura e com rendimento suficiente para suprir parte da demanda energética da China nas próximas décadas.

A comunidade científica internacional acompanha os desdobramentos do projeto com interesse, à medida que diferentes países buscam alternativas energéticas sustentáveis diante do crescimento da demanda global e da necessidade de reduzir a dependência de combustíveis fósseis.

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