O preço do ouro atingiu um novo recorde nesta semana, refletindo a intensificação das tensões geopolíticas e o aumento da demanda global por ativos considerados seguros.
O metal precioso foi negociado a US$ 3.111,30 por onça troy no mercado spot, equivalente a aproximadamente R$ 17.918,30, segundo informações divulgadas pela agência Sputnik, com base em dados do jornal britânico The Guardian.
O movimento de valorização teve início ainda no último trimestre de 2024, impulsionado pelo agravamento de conflitos no Oriente Médio e pela reorientação da política monetária nos Estados Unidos.
A decisão do Federal Reserve (Fed) de reduzir as taxas de juros contribuiu para o enfraquecimento do dólar, favorecendo o ouro como alternativa de proteção.
Em abril de 2025, o anúncio de novas tarifas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ampliou a instabilidade nos mercados financeiros.
A medida provocou expectativas de aumento da turbulência econômica global, estimulando a migração de investidores para o ouro. A escalada de preços reflete o aumento da aversão ao risco diante de um cenário internacional considerado volátil.
Projeções do banco norte-americano Goldman Sachs apontam para a continuidade do movimento de valorização ao longo deste ano.
A instituição estima que o ouro pode alcançar a marca de US$ 3.300 por onça até dezembro de 2025, o equivalente a cerca de R$ 19.005, caso o atual cenário de incerteza política e econômica se mantenha. A análise do banco considera a crescente busca por segurança entre investidores institucionais e governos, além do impacto de políticas econômicas expansionistas.
Em 2024, o metal já havia registrado ganhos significativos. Na Comex, divisão da Bolsa de Mercadorias de Nova York especializada na negociação de metais, os contratos futuros de ouro chegaram a US$ 2.644,80 por onça, cerca de R$ 15.231,70.
O valor superou o patamar de US$ 2.640 registrado no mesmo período, confirmando uma tendência de alta que se consolidou nos meses seguintes.
Na ocasião, analistas do mercado financeiro apontavam que o limite de US$ 3.000 por onça era uma possibilidade concreta diante da instabilidade internacional. A marca foi superada nos primeiros meses de 2025, acompanhada por uma série de revisões de estimativas feitas por bancos e corretoras ao redor do mundo.
Especialistas indicam que o comportamento do ouro nos últimos trimestres responde diretamente à combinação de fatores econômicos e políticos. A manutenção de conflitos armados em regiões estratégicas, a crescente polarização política em países desenvolvidos e a desaceleração da atividade industrial em economias centrais são apontados como elementos que favorecem a valorização do metal.
O ouro é tradicionalmente utilizado como reserva de valor em períodos de instabilidade. Sua escassez, liquidez global e independência em relação a políticas monetárias nacionais fazem com que o ativo seja procurado por investidores em momentos de incerteza.
Além disso, bancos centrais de países como China, Rússia e Índia têm ampliado suas reservas em ouro como parte de estratégias de diversificação cambial e proteção contra choques externos.
As taxas de juros praticadas pelo Federal Reserve também exercem influência direta sobre o desempenho do ouro. Em cenários de juros mais baixos, o custo de oportunidade de manter ativos não remunerados, como o ouro, tende a cair, aumentando sua atratividade relativa.
A recente decisão do Fed de adotar uma postura mais flexível na condução da política monetária norte-americana contribuiu para o movimento de valorização observado desde o fim de 2024.
A desvalorização do dólar frente a outras moedas internacionais também favorece o aumento da demanda por ouro. Quando a moeda norte-americana perde força, o preço do ouro se torna relativamente mais acessível para investidores estrangeiros, estimulando compras no mercado físico e em contratos futuros.
O impacto das decisões econômicas dos Estados Unidos sobre os preços do ouro também pode ser observado em outros ativos correlacionados, como prata e metais industriais. No entanto, o ouro continua sendo o principal termômetro da percepção de risco global entre investidores institucionais.
Com a expectativa de continuidade das tensões internacionais e da incerteza quanto às políticas econômicas adotadas por grandes potências, o mercado do ouro deverá permanecer em foco nos próximos meses.
O desempenho do ativo será acompanhado de perto por analistas e autoridades monetárias, especialmente em um contexto de desaceleração da atividade econômica e reconfiguração de alianças políticas globais.
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