CK Hutchison adia acordo de venda de portos no Panamá aos EUA após revisão antitruste da China

Chinese Cosco Shipping Rose container ship sails the newly inaugurated Cocoli locks, during the visit of China's President Xi Jinping, in the Panama Canal, on December 3, 2018. - Chinese President Xi Jinping is on an official visit to Panama after attending the G20 Summit in Argentina. (Photo by Luis Acosta / AFP)

A empresa CK Hutchison, com sede em Hong Kong, adiou a assinatura do acordo de venda de suas operações portuárias próximas ao Canal do Panamá para um grupo liderado pela BlackRock. A decisão ocorre em meio à pressão crescente de Pequim, que anunciou uma revisão antitruste do negócio.

De acordo com fontes próximas ao processo, a revisão será conduzida pela autoridade reguladora de mercado da China, que se baseia em legislação que visa proteger a concorrência justa e o interesse público.

A agência de regulação informou sobre o início da revisão por meio de um comunicado publicado na conta oficial da autoridade no WeChat na noite de sexta-feira, 24.

O conglomerado CK Hutchison, controlado pelo bilionário Li Ka-shing, havia acordado vender a maior parte de seu negócio global de portos, avaliado em US$ 22,8 bilhões, para um consórcio liderado pela BlackRock. Entre os ativos incluídos na transação estão os portos localizados na estratégica região do Canal do Panamá.

Adiamento e possíveis implicações do processo

A assinatura do contrato definitivo para as duas operações portuárias estava inicialmente marcada para o dia 2 de abril, conforme anunciado em 4 de março.

No entanto, fontes informaram que a documentação não será assinada na data prevista, por “motivos óbvios”. Apesar do adiamento, as fontes destacaram que o negócio ainda não foi cancelado, e o prazo de 2 de abril não é definitivo.

A negociação envolve um total de 43 portos em 23 países, sendo tratada de forma exclusiva entre a CK Hutchison e o consórcio da BlackRock por um período de 145 dias. As fontes afirmaram que as negociações continuam em andamento.

Pressões políticas e econômicas sobre a negociação

O adiamento da assinatura ocorre em um contexto político delicado, com Pequim intensificando a supervisão sobre o acordo.

O envolvimento de um dos maiores investidores financeiros do mundo, a BlackRock, e a natureza estratégica dos portos envolvidos, colocam o negócio em uma posição altamente politizada, especialmente devido ao impacto econômico e geopolítico que ele pode gerar.

A transação, que pode render mais de US$ 19 bilhões à CK Hutchison, também tem atraído atenção devido à sua importância em termos de infraestrutura global. O Canal do Panamá é uma via de transporte crucial para o comércio internacional, o que torna a venda de portos nessa região uma questão de interesse estratégico.

Mercado financeiro e reações

O assunto foi inicialmente divulgado por veículos locais como Singtao Daily e South China Morning Post. A CK Hutchison não respondeu imediatamente ao pedido de comentário feito pela Reuters.

Em meio às especulações sobre o futuro do negócio, os principais índices de Wall Street sofreram forte queda na última sexta-feira, com o Dow Jones recuando 1,7%, refletindo um clima de cautela no mercado financeiro global.

Este episódio destaca a complexidade das negociações envolvendo empresas chinesas e estrangeiras, especialmente quando envolvem ativos estratégicos em regiões chave para o comércio global.

O desfecho das negociações dependerá de como a revisão antitruste da China será conduzida e dos possíveis ajustes que a CK Hutchison e a BlackRock precisarão fazer para concluir o acordo.

Com informações da Reuters

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