A corrida presidencial de 2026 ganhou um novo contorno com a declaração do vice-governador de São Paulo, Felício Ramuth (PSD), que confirmou a possibilidade de Tarcísio de Freitas (Republicanos) disputar a presidência.
Em entrevista ao programa Papo com Editor, do Estadão/Broadcast, Ramuth afirmou que a chance de Tarcísio se candidatar ao Palácio do Planalto “está cada dia mais se consolidando”, tornando-se o primeiro membro da cúpula do governo paulista a lançar publicamente o nome do governador como presidenciável.
“O cenário político acaba nos empurrando para caminhos que nem esperávamos ou para os quais não estávamos nos preparando. Isso pode acontecer”, disse Ramuth, ao comentar a possibilidade, mesmo diante das reiteradas negativas de Tarcísio e da insistência do ex-presidente Jair Bolsonaro em manter seu nome na disputa, apesar da inelegibilidade.
Pressão sobre Bolsonaro e ascensão de Tarcísio
Partidos do Centrão estão pressionando Bolsonaro para que abra espaço para um novo nome da direita até o fim deste ano.
A recente transformação de Bolsonaro em réu pelo Supremo Tribunal Federal, no caso da tentativa de golpe de 8 de janeiro, gerou um aumento na incerteza sobre a viabilidade de sua candidatura.
Em paralelo, uma pesquisa realizada com apoiadores de Bolsonaro em Copacabana indicou que Tarcísio já surge como o nome preferido entre os bolsonaristas.
Ramuth reconheceu que, apesar de Tarcísio ser aliado de Bolsonaro, ele tem mantido uma postura política independente.
O vice-governador citou declarações recentes do governador em defesa das urnas eletrônicas, que ele classificou como uma “referência mundial”. “Assim como eu, que fui eleito três vezes por meio das urnas eletrônicas, ele confia nesse sistema”, afirmou Ramuth.
Cenário paulista e possível sucessão
Caso Tarcísio se lance na corrida presidencial, Felício Ramuth deve assumir o governo de São Paulo em abril de 2026.
Em relação à formação da chapa para a reeleição estadual, Ramuth mencionou que, embora a manutenção da chapa atual seja uma opção, outros nomes já demonstraram interesse em compor a candidatura de Tarcísio.
Entre os possíveis aliados estão o presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), André do Prado (PL), e o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, atual secretário de Governo.
“É claro que existe um cenário natural que é manter a chapa já existente, mas é natural também que outras forças políticas queiram se apresentar neste momento”, disse Ramuth, acrescentando que todos os nomes citados poderiam contribuir para um futuro governo paulista.
PSD no governo federal e alinhamento político
Apesar de ser vice de um potencial candidato de oposição a Lula, Felício Ramuth defendeu a permanência do PSD no governo federal.
O partido ocupa atualmente três ministérios: Minas e Energia, Pesca e Aquicultura, e Agricultura. Para Ramuth, a composição nacional do PSD reflete as diferentes realidades regionais: no Nordeste, mais alinhado ao petismo, e no Sudeste, mais voltado para a centro-direita.
“Quando o próprio Kassab permanece em São Paulo, à frente de uma secretaria, isso deixa claro que o PSD paulista está mais alinhado à centro-direita”, observou Ramuth.
Críticas a Lula e avaliação de Haddad
Ramuth também comentou sobre declarações recentes de Gilberto Kassab, que chamou Fernando Haddad de um ministro “enfraquecido”.
O vice-governador não considerou a crítica um ataque pessoal, mas uma constatação sobre a falta de respaldo político de Haddad dentro do governo. “Ele expressou algo que, na verdade, se escuta nos corredores de Brasília”, afirmou.
Ramuth ainda criticou a gestão política do presidente Lula, apontando uma desconexão com as necessidades da sociedade. Como exemplo, citou o projeto de regulamentação do trabalho por aplicativos, o qual classificou como uma demonstração de “falta de sensibilidade política”.
“Acho que o presidente Lula está preso ao passado, sem um olhar para o futuro”, disse Ramuth. “Soma-se a isso a prática recorrente de gastar mais do que se deve. E, aliás, com a eleição se aproximando, essa tendência só piora”, concluiu.
Essa série de declarações de Felício Ramuth reflete um cenário político em evolução, com novas movimentações em torno da eleição de 2026, tanto no âmbito nacional quanto estadual. A análise das alianças e das estratégias para a sucessão presidencial e estadual continuará a moldar o cenário político brasileiro nos próximos meses.
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