Preocupações com criminalidade e inflação dominam a população brasileira, diz pesquisa

Thiago Gomes/Agência Pará

A insegurança pública e a inflação figuram entre as principais preocupações da população brasileira, de acordo com a edição de março da pesquisa global “What Worries the World”, realizada pelo instituto Ipsos.

O estudo, divulgado pelo jornal O Globo, revela que 43% dos brasileiros indicam a criminalidade como a maior fonte de preocupação, representando um aumento de cinco pontos percentuais em relação ao mês anterior. Esse índice supera a média global, que é de 32%, destacando a segurança pública como o tema mais alarmante no país.

A inflação, que afeta diretamente o poder de compra da população, também figura entre os maiores problemas apontados pelos entrevistados.

Com 38% das menções, a inflação apresentou um aumento de três pontos percentuais em comparação ao mês anterior, marcando a primeira vez que o aumento no custo de vida entra para o topo das preocupações dos brasileiros.

Este cenário ocorre em meio à pressão sobre o governo federal para apresentar soluções eficazes que contenham a alta dos preços, especialmente dos alimentos.

O CEO da Ipsos, Marcos Calliari, analisou os resultados e destacou a percepção de vulnerabilidade crescente nas grandes cidades do Brasil, além do impacto da inflação no cotidiano das famílias.

“A pesquisa revela que a população vê o governo como responsável pelos problemas enfrentados diariamente. A deterioração da percepção sobre o país aconteceu de forma rápida, e a tendência é de continuidade na queda da avaliação positiva da gestão federal”, afirmou Calliari.

Ações do governo federal diante da insatisfação

Em resposta ao aumento das preocupações populares, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, em março, uma série de medidas focadas em conter a inflação, com destaque para a isenção do imposto de importação de produtos essenciais, como carne, café, açúcar, milho, óleo de cozinha e azeite. A ação tem como objetivo aliviar o impacto da alta nos preços desses itens na cesta básica.

Além disso, o governo propôs uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) voltada à segurança pública. Sob a liderança do ministro Ricardo Lewandowski, a PEC prevê o fortalecimento da Polícia Federal, especialmente no combate às milícias e crimes ambientais, e a criação de uma nova polícia ostensiva nacional com base na estrutura da Polícia Rodoviária Federal. A PEC, porém, ainda não foi encaminhada ao Congresso.

Desigualdade social e outros desafios

O levantamento também apontou que questões sociais e econômicas estão intimamente relacionadas nas percepções da população. Além da criminalidade e inflação, temas como desigualdade social (34%), saúde (32%), corrupção (28%) e carga tributária (28%) estão entre as cinco maiores preocupações dos brasileiros, todos com índices superiores à média global.

A pesquisa também revela que 65% dos brasileiros acreditam que o país segue pelo caminho errado. Esse sentimento tem permanecido elevado nos últimos meses e representa um obstáculo adicional para a popularidade do governo.

Calliari destacou que, apesar de o governo federal atribuir esse resultado a falhas na comunicação, a percepção generalizada é de que faltam propostas concretas. “Limitar-se a identificar os problemas sem apresentar soluções não melhora a avaliação do governo”, completou.

Preocupações periféricas: meio ambiente, extremismo e imigração

Entre os temas menos citados na pesquisa, o Brasil se destaca em relação a outros países. A população brasileira se mostra particularmente preocupada com as questões ambientais, com 13% dos entrevistados indicando essa como uma preocupação relevante.

Por outro lado, a imigração é uma questão marginal, sendo mencionada por apenas 1% dos entrevistados. A decadência moral ocupa a penúltima posição com 4%, enquanto o crescimento do extremismo político é uma preocupação para 9% dos brasileiros, ligeiramente abaixo da média global de 10%.

Metodologia da pesquisa

A pesquisa “What Worries the World” foi realizada entre 21 de fevereiro e 7 de março de 2025, com a participação de 25.231 entrevistados de 29 países.

No Brasil, o estudo contou com a participação de cerca de mil pessoas, com idades entre 16 e 74 anos. A amostra representa uma faixa da população predominantemente urbana, com maior poder aquisitivo e nível educacional superior à média.

Esses resultados refletem as tensões sociais e econômicas que marcam o atual cenário brasileiro, com desafios contínuos em áreas críticas, como segurança pública e inflação.

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