O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) registrou queda de 0,34% em março, após ter avançado 1,06% em fevereiro, segundo dados divulgados nesta sexta-feira, 29, pela Fundação Getulio Vargas (FGV). A principal contribuição para o recuo veio da redução nos preços do minério de ferro no atacado.
O índice, calculado com base nos preços ao produtor, consumidor e na construção civil, considera o período entre os dias 21 do mês anterior e 20 do mês de referência. Com o resultado de março, o IGP-M acumula alta de 8,58% nos últimos 12 meses.
A retração foi superior à expectativa do mercado. Pesquisa da agência Reuters indicava projeção de queda de 0,17% para o mês.
O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que representa 60% do IGP-M e mede a variação dos preços no atacado, teve recuo de 0,73% em março, após ter subido 1,17% em fevereiro.
De acordo com o economista Matheus Dias, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (FGV IBRE), a principal influência para o desempenho do IPA foi a retração nos preços do minério de ferro.
“No IPA, a principal contribuição para a queda do IGP-M veio do minério de ferro, que registrou recuo nos preços diante de um cenário de preocupações com a guerra comercial”, afirmou Dias.
Os preços do minério de ferro apresentaram redução de 3,64% no mês, revertendo a alta de 0,32% registrada em fevereiro.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que tem peso de 30% na composição do IGP-M, mostrou desaceleração na taxa de variação. O índice subiu 0,80% em março, abaixo dos 0,91% observados no mês anterior.
Segundo Dias, a redução no ritmo de alta do IPC está ligada principalmente à diminuição dos efeitos dos reajustes em mensalidades escolares e à queda expressiva no preço das passagens aéreas.
“A desaceleração no IPC foi influenciada, principalmente, pela dissipação do impacto dos reajustes das mensalidades escolares, mas também pela forte queda (de 13,71%) nos preços das passagens aéreas”, explicou o economista.
O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que compõe 10% do IGP-M, teve alta de 0,38% em março, frente a uma variação de 0,51% em fevereiro. O índice reflete os custos com materiais, equipamentos, serviços e mão de obra no setor da construção civil.
Com o resultado de março, os componentes do IGP-M tiveram a seguinte contribuição: o IPA respondeu com -0,44 ponto percentual, o IPC com 0,24 ponto e o INCC com 0,04 ponto.
Dentro do IPA, o grupo de Matérias-Primas Brutas registrou queda de 1,99%, frente a uma alta de 0,31% em fevereiro. Além do minério de ferro, também contribuíram para esse resultado os recuos nos preços do milho (-5,67%) e da soja em grão (-2,87%).
Por outro lado, alguns itens apresentaram elevação nos preços no atacado, como o leite in natura (6,80%) e o algodão em caroço (5,29%).
No IPC, entre as classes de despesa que registraram desaceleração estão Educação, Leitura e Recreação (de 3,50% para 0,64%) e Transportes (de 0,71% para 0,34%). No grupo de Alimentação, a variação passou de 0,98% para 1,00%.
Entre os itens que mais contribuíram para a desaceleração do IPC destacam-se: passagem aérea (-13,71%), cursos regulares (de 6,15% para 1,89%), tarifa de ônibus urbano (de 2,77% para 0,52%), gasolina (de 0,80% para 0,19%) e plano de saúde (de 0,69% para 0,57%).
No INCC, o componente Materiais, Equipamentos e Serviços apresentou alta de 0,39% em março, ante 0,58% em fevereiro. A variação do grupo Mão de Obra foi de 0,37% no período, contra 0,45% no mês anterior.
O IGP-M é amplamente utilizado como referência para reajustes de contratos, incluindo aluguel de imóveis urbanos, tarifas públicas e serviços.
A sua volatilidade, influenciada principalmente pelos preços no atacado e por fatores externos como commodities e variações cambiais, impacta diretamente setores produtivos e consumidores.
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