
A percepção negativa da população sobre a economia brasileira aumentou nos últimos meses. Segundo pesquisa divulgada nesta quarta-feira, 27, pelo Instituto Futura, 59,1% dos brasileiros classificam o atual momento econômico do país como “ruim” ou “péssimo”. O levantamento faz parte da série Avaliação Nacional e foi divulgado pela CNN Brasil.
O número representa um crescimento de 6,8 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior, realizada em novembro de 2024, quando 52,3% dos entrevistados avaliaram negativamente a economia.
De acordo com os dados mais recentes, apenas 13,8% consideram a situação econômica como “boa” ou “ótima”, enquanto 26,4% apontam como “regular”. Outros 0,7% não souberam ou preferiram não responder.
A pesquisa também avaliou a percepção dos entrevistados sobre temas específicos da gestão federal, como geração de empregos e controle da inflação.
Em relação ao mercado de trabalho, 42,8% dos entrevistados consideram “ruim” ou “péssima” a atuação do governo federal. Para 28,1%, a avaliação é “regular”, e 27,5% classificam a atuação como “boa” ou “ótima”.
No quesito inflação, a avaliação negativa é ainda mais expressiva. Segundo o levantamento, 64,7% dos participantes avaliam de forma “ruim” ou “péssima” o desempenho do governo no combate à alta de preços.
Esse número representa um aumento de 9,7 pontos percentuais em comparação com os dados coletados em novembro de 2024. Para 13,5%, o desempenho é considerado “bom” ou “ótimo”, e 20,3% avaliam como “regular”.
O levantamento foi realizado entre os dias 19 e 22 de março de 2025 e ouviu 1.001 eleitores brasileiros com 16 anos ou mais. A margem de erro da pesquisa é de 3,1 pontos percentuais, para mais ou para menos. A pesquisa teve abrangência nacional.
Os dados refletem um aumento no índice de insatisfação com a condução da política econômica no terceiro ano do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A economia tem sido um dos principais pontos de atenção do governo federal diante das cobranças por crescimento sustentado, controle da inflação e geração de empregos.
O levantamento também ocorre em um contexto de desaceleração no ritmo de crescimento econômico e de pressões inflacionárias em setores como alimentos, combustíveis e serviços.
A política de juros do Banco Central, mantida em patamar elevado ao longo de grande parte do governo Lula, tem sido apontada por representantes do governo como um obstáculo ao crescimento econômico, enquanto agentes do mercado alegam que o controle da inflação exige cautela nas reduções da taxa básica.
Além dos indicadores econômicos, o desempenho da gestão federal em áreas sociais e institucionais também tem sido tema de debates públicos.
A avaliação do governo como um todo não foi objeto do recorte divulgado nesta edição da pesquisa do Instituto Futura, que focou exclusivamente em temas econômicos.
O resultado do levantamento pode influenciar a estratégia do governo federal nos próximos meses, especialmente em relação à comunicação institucional e à definição de prioridades econômicas.
A gestão do presidente Lula tem buscado destacar iniciativas de estímulo à economia, programas de crédito e investimentos em infraestrutura como formas de melhorar a percepção popular.
O Planalto ainda não comentou os dados divulgados pela pesquisa. Em declarações recentes, o presidente Lula tem afirmado que o governo trabalha para reverter os efeitos da crise econômica herdada e que os resultados estruturais das políticas adotadas levarão tempo para se consolidar.
Economistas avaliam que o sentimento da população em relação à economia é influenciado diretamente por indicadores como inflação percebida, desemprego e poder de compra. Embora alguns indicadores macroeconômicos apresentem estabilidade ou leve melhora, a percepção popular tende a ser mais sensível a preços no varejo, custo de vida e oportunidades de trabalho no curto prazo.
A pesquisa será considerada por analistas políticos como termômetro da opinião pública diante da aproximação do segundo semestre do mandato e da preparação dos partidos para o ciclo eleitoral de 2026. A economia, segundo pesquisas anteriores de diferentes institutos, segue como um dos principais temas de preocupação da população brasileira.
O Instituto Futura informou que novas rodadas da série Avaliação Nacional devem ser realizadas ao longo do ano para monitorar a evolução da percepção pública sobre o desempenho do governo em diferentes áreas.