A prévia da inflação oficial no Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), registrou alta de 0,64% em março, segundo dados divulgados nesta quinta-feira, 27, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado representa desaceleração em relação ao índice de fevereiro, que havia sido de 1,23%.
Apesar da redução no ritmo de alta, o IPCA-15 permanece em patamar elevado. O índice superou o resultado de março de 2024, quando foi registrado avanço de 0,36%, e ficou próximo ao de março de 2023, que apontou alta de 0,69%.
No acumulado de 12 meses, a inflação medida pelo IPCA-15 alcançou 5,26%, ultrapassando o teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), fixada em 4,5%.
O resultado de março ficou abaixo da expectativa do mercado financeiro, que projetava uma variação de 0,7% no mês. No entanto, o aumento nos preços de alimentos como café moído (8,5%) e ovos (19,44%) continuou a exercer pressão sobre o orçamento das famílias.
O limite superior da meta de inflação definida pelo CMN admite variação de 1,5% a 4,5% no acumulado de 12 meses. Com a nova alta, o IPCA-15 mantém-se acima desse intervalo pelo segundo mês consecutivo. O atual nível é o mais alto desde o início de 2023.
Entre os componentes do índice, o grupo de alimentação e bebidas teve peso significativo no resultado. Os aumentos nos preços de itens básicos reforçaram a pressão inflacionária, em especial sobre famílias de menor renda.
A pesquisa considera nove grupos de consumo: alimentação e bebidas, habitação, transportes, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais, vestuário, educação, comunicação e artigos de residência.
O IBGE coleta os dados do IPCA-15 em 11 regiões metropolitanas e no Distrito Federal, entre os dias 13 do mês anterior e 17 do mês de referência. O levantamento abrange famílias com rendimentos mensais entre 1 e 40 salários mínimos.
Criado em 2000, o IPCA-15 funciona como uma prévia do IPCA, índice oficial da inflação no país. Por ser divulgado antes do fechamento do mês, é utilizado como indicador de tendência para o comportamento dos preços e serve como referência para decisões de política econômica.
A inflação persistente tem sido acompanhada de perto pelo governo federal e pelo Banco Central. A autoridade monetária utiliza a taxa básica de juros (Selic) como principal instrumento para conter a alta de preços. A continuidade de aumentos no IPCA-15 pode impactar o ritmo do ciclo de cortes da Selic, atualmente em curso.
Com o acumulado de 12 meses acima da meta, o cenário inflacionário se mantém como um dos principais desafios para a política econômica em 2025. A trajetória da inflação, especialmente dos alimentos, deve influenciar as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom) nas próximas reuniões.
O IBGE deve divulgar o índice oficial da inflação (IPCA) referente a março nos primeiros dias de abril. Os dados completos do IPCA-15 estão disponíveis no site do instituto.
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