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China inicia projeto da primeira usina híbrida de fusão e fissão nuclear do mundo

A China deu início ao processo de construção da primeira usina híbrida de fusão-fissão do mundo, com previsão de gerar 100 megawatts de eletricidade contínua e se conectar à rede elétrica nacional até o final da década. A informação consta em licitação pública divulgada nesta semana para avaliação de impacto ambiental do projeto. O reator […]

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A China deu início ao processo de construção da primeira usina híbrida de fusão-fissão do mundo, com previsão de gerar 100 megawatts de eletricidade contínua e se conectar à rede elétrica nacional até o final da década. A informação consta em licitação pública divulgada nesta semana para avaliação de impacto ambiental do projeto.

O reator supercondutor de alta temperatura, denominado Xinghuo, tem orçamento estimado em 20 bilhões de yuans (equivalente a US$ 2,76 bilhões).

A primeira fase do projeto foi lançada com a publicação do edital na plataforma zbytb.com, que agrega informações sobre licitações e contratos públicos na China.

Segundo o documento, a instalação será construída na Yaohu Science Island, localizada na zona de alta tecnologia da cidade de Nanchang, província de Jiangxi, no centro do país.

O estudo ambiental exigido incluirá levantamentos de base, análises sobre impactos atmosféricos, hídricos, acústicos e ecológicos, além de avaliações de risco, propostas de controle de poluição e planos de monitoramento.

O nome do reator, Xinghuo, que significa “faísca”, faz referência a uma citação de Mao Zedong: “Uma única faísca pode iniciar um incêndio na pradaria”.

O projeto é fruto de uma joint venture entre a China Nuclear Industry 23 Construction Corporation, empresa estatal responsável por obras nucleares no país, e a Lianovation Superconductor, subsidiária da Lianovation Optoelectronics.

Ambas atuam na província de Jiangxi, região que concentra grandes reservas de cobre, matéria-prima essencial para a produção de materiais supercondutores.

A colaboração entre as empresas foi formalizada em 2023, com o objetivo de desenvolver um reator capaz de alcançar um valor Q superior a 30. O valor Q representa o fator de ganho de energia em reações de fusão, ou seja, a razão entre a energia térmica produzida e a energia fornecida para aquecer o plasma.

O valor almejado pelo projeto chinês supera os parâmetros de outras iniciativas internacionais. O Reator Termonuclear Experimental Internacional (ITER), em construção na França, tem como meta atingir um valor Q acima de 10.

Em comparação, a Instalação Nacional de Ignição dos Estados Unidos, em experimento realizado em 2022, alcançou um valor Q de 1,5, indicando que a energia gerada pela fusão foi 1,5 vez superior à energia fornecida pelo laser ao combustível.

A combinação de tecnologias de fusão e fissão em um único reator é considerada experimental e de alto risco técnico. A proposta visa utilizar a energia gerada pela fusão para alimentar o processo de fissão, aproveitando a estabilidade e controle da fissão com a alta densidade energética da fusão.

O modelo híbrido é apontado como alternativa de transição entre as atuais usinas nucleares baseadas apenas em fissão e os futuros sistemas de fusão plena.

A iniciativa integra os esforços da China em acelerar o desenvolvimento de fontes de energia avançadas, com foco em segurança energética, inovação tecnológica e redução de emissões.

O país tem ampliado investimentos em reatores nucleares, energia solar, eólica e hidrogênio como parte de sua estratégia para alcançar neutralidade de carbono até 2060.

A construção do reator Xinghuo será acompanhada por órgãos reguladores ambientais e de segurança nuclear da China, conforme exigências legais do setor.

A licitação prevê uma série de estudos técnicos, incluindo simulações de impacto sobre a fauna, flora e comunidades do entorno da região de Nanchang, que possui áreas de preservação ambiental e zonas urbanas próximas à futura instalação.

A implantação do projeto ocorre em paralelo a outras iniciativas globais de pesquisa em energia de fusão.

Além do ITER na Europa, Estados Unidos, Reino Unido, Japão e Coreia do Sul mantêm centros de pesquisa dedicados à busca de soluções viáveis para geração de energia por fusão controlada. A principal dificuldade dos projetos reside no equilíbrio entre geração de energia líquida positiva e estabilidade operacional em longo prazo.

O governo chinês não divulgou o cronograma completo da obra nem a previsão de início da construção física da usina. A publicação da licitação de impacto ambiental é considerada uma etapa inicial obrigatória para o avanço do projeto, que depende ainda de autorizações técnicas, financeiras e regulatórias.

Com informações da SCMP

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