
O Banco Central (BC) revisou para baixo a previsão de crescimento da economia brasileira em 2025. Segundo o Relatório de Política Monetária divulgado nesta quinta-feira, 27, a nova estimativa é de expansão de 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no próximo ano. Em dezembro, a expectativa era de 2,1%.
A revisão ocorre em meio a incertezas internas e externas que afetam o ritmo da atividade econômica. O documento do BC aponta que o cenário projetado para os próximos trimestres incorpora uma desaceleração gradual, com impactos da política monetária atual e da conjuntura internacional.
A estimativa do Banco Central está abaixo da previsão oficial do Ministério da Fazenda, que mantém a projeção de crescimento em 2,3% para 2025. O ministro Fernando Haddad chegou a afirmar, neste mês, que o crescimento poderia atingir 2,5%, caso as condições econômicas evoluíssem de maneira favorável.
O mercado financeiro, segundo a última edição do boletim Focus, divulgado semanalmente pelo próprio BC com base em informações coletadas junto a analistas econômicos, projeta uma expansão de 1,98% para o PIB no ano que vem.
No mesmo relatório, o BC abordou a condução da política monetária e reiterou a sinalização apresentada na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
A autoridade monetária indicou que, caso o cenário base se confirme, o corte da taxa básica de juros (Selic) previsto para a próxima reunião, em maio, deve ter magnitude inferior a 1 ponto percentual.
A atual taxa Selic está em 10,75% ao ano, após sucessivos cortes promovidos pelo Copom desde agosto de 2023. A indicação de redução mais moderada reflete a avaliação de que o processo de desinflação, embora contínuo, exige cautela diante de riscos fiscais e incertezas quanto ao ambiente externo.
A ata do Copom, divulgada na semana anterior, já havia sugerido que o comitê considerava adequado um ajuste menor nas próximas decisões, reforçando o compromisso com a convergência da inflação para a meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.
Além disso, o relatório publicado nesta quinta-feira reforça a preocupação com a dinâmica fiscal e sua influência sobre as expectativas de inflação e sobre os ativos financeiros.
O documento destaca a importância da continuidade de medidas que garantam a sustentabilidade das contas públicas como elemento central para a consolidação do processo de queda dos juros.
A revisão da projeção do PIB pelo Banco Central ocorre em um contexto de desaceleração global e incertezas em relação aos principais parceiros comerciais do Brasil.
A economia chinesa, por exemplo, tem apresentado sinais de crescimento mais lento, o que afeta a demanda por commodities brasileiras. Nos Estados Unidos, a política monetária do Federal Reserve segue restritiva, o que também influencia os fluxos de capitais e o câmbio.
O BC afirmou que continuará monitorando atentamente os dados econômicos e que eventuais mudanças nas projeções futuras dependerão da evolução dos indicadores e dos desdobramentos do cenário macroeconômico.
A próxima reunião do Copom está agendada para os dias 6 e 7 de maio. Até lá, o mercado seguirá atento a novos sinais da autoridade monetária sobre o ritmo do ciclo de afrouxamento monetário e aos impactos das decisões de política fiscal sobre a trajetória da inflação.