Levantamento da consultoria Elos Ayta, divulgado nesta semana, aponta que o real foi a terceira moeda com maior valorização frente ao dólar em 2025 até a segunda-feira, 24, ficando atrás apenas do rublo russo e da coroa sueca. Os dados consideram a variação da cotação do dólar Ptax, calculada pelo Banco Central do Brasil, desde o início do ano.
Segundo a análise, o real registrou valorização de 7,87% no período. O rublo apresentou o maior ganho entre as moedas analisadas, com alta de 31,74%, seguido pela coroa sueca, com 8,88%. O levantamento compara o desempenho de mais de 25 moedas em relação à moeda norte-americana.
Einar Rivero, sócio da Elos Ayta, afirmou que o desempenho da moeda brasileira neste ano é o melhor desde o primeiro trimestre de 2022, quando o real acumulou valorização de 17,79% frente ao dólar.
“O desempenho positivo reflete fatores como fluxos de capital para o Brasil, perspectivas econômicas e o cenário internacional”, declarou.
Em 2024, a situação da moeda brasileira foi oposta. Naquele ano, o real foi a segunda moeda que mais se desvalorizou frente ao dólar, superado apenas pelo peso argentino. Em 2025, o peso argentino permanece entre as moedas com pior desempenho.
A valorização do real neste ano é atribuída a diferentes fatores econômicos e geopolíticos. Um deles é o resultado fiscal do governo brasileiro.
O déficit primário registrado ficou em 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB), dentro da margem de tolerância da meta estabelecida para o período, que previa déficit zero, com variação permitida de até 0,25%.
De acordo com Mauro Rochlin, coordenador do MBA de Gestão Estratégica e Econômica de Negócios da Fundação Getulio Vargas (FGV), o resultado fiscal contribuiu para a confiança no desempenho da economia brasileira.
“Embora a meta fosse zero, havia uma margem de 0,25%. Assim, o resultado manteve-se dentro do intervalo de tolerância da meta”, explicou.
Outro fator que influenciou o movimento cambial foi a conjuntura internacional. A política comercial adotada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com foco em medidas protecionistas, afetou a cotação do dólar globalmente.
A guerra comercial em curso impactou o fluxo de capitais e gerou valorização de moedas de países emergentes e desenvolvidos.
A diferença entre as taxas de juros também tem peso no cenário. Enquanto a taxa básica de juros nos Estados Unidos está no intervalo entre 4,25% e 4,50%, a taxa Selic no Brasil encontra-se em 14,25%, com projeções indicando possível elevação até o patamar de 15%.
O diferencial de juros atrai investidores estrangeiros em busca de rendimentos mais elevados, aumentando o fluxo de entrada de dólares no mercado brasileiro e contribuindo para a valorização do real.
A seguir, a lista das moedas que mais se valorizaram frente ao dólar em 2025 até 24 de março, segundo a Elos Ayta:
- Rublo (Rússia): +31,74%
- Coroa sueca: +8,88%
- Real (Brasil): +7,87%
- Coroa norueguesa: +7,79%
- Peso chileno: +6,43%
- Peso colombiano: +5,76%
- Iene (Japão): +4,37%
- Coroa dinamarquesa: +3,91%
- Libra esterlina (Reino Unido): +3,90%
- Sol (Peru): +3,58%
- Franco suíço: +3,41%
- Rand (África do Sul): +3,35%
- Peso mexicano: +3,35%
- Euro (zona do euro): +3,23%
- Dólar australiano: +1,26%
- Peso filipino: +0,98%
- Dólar canadense: +0,70%
- Yuan (China): +0,69%
- Won (Coreia do Sul): +0,49%
- Rial (Arábia Saudita): +0,15%
- Rúpia (Índia): –0,06%
- Dólar de Hong Kong: –0,13%
- Dólar taiwanês: –0,76%
- Novo Shekel (Israel): –0,82%
- Rúpia (Indonésia): –1,01%
- Peso argentino: –3,62%
- Lira (Turquia): –6,88%
O levantamento foi realizado com base na cotação do dólar Ptax, divulgada pelo Banco Central do Brasil, que serve como referência para o mercado financeiro. A valorização da moeda nacional é observada em meio à movimentação de capitais, mudanças de política monetária e reações do mercado a decisões fiscais.
Com informações do Metrópoles
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