O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) propôs, nesta quarta-feira, 26, a formalização de um acordo de parceria econômica entre o Japão e os países do Mercosul. A declaração foi feita durante um fórum empresarial realizado em Tóquio, com a presença do primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba.
“Em um mundo cada vez mais complexo, é fundamental que parceiros históricos se unam para enfrentar as incertezas e instabilidades da economia global. Estou seguro de que precisamos avançar com a assinatura de um acordo de parceria econômica entre Japão e Mercosul”, afirmou Lula, segundo registro do jornal O Globo.
O bloco sul-americano é composto por Brasil, Bolívia, Argentina, Paraguai e Uruguai. A proposta ocorre em meio a tentativas do Mercosul de ampliar sua inserção em mercados internacionais por meio de tratados comerciais com outros países e blocos.
Além da defesa do acordo com o Japão, Lula voltou a destacar a importância do multilateralismo e de mudanças no atual sistema de comércio internacional.
“Nós queremos o comércio livre para que possamos definitivamente fazer com que nossos países se estabeleçam no movimento da democracia, no crescimento econômico e na distribuição de riqueza”, declarou o presidente durante o evento.
Entre os pontos apresentados por Lula, também foi mencionada a necessidade de isenção recíproca de vistos entre Brasil e Japão para viagens de negócios e turismo. Ele classificou a medida como essencial para o fortalecimento das relações bilaterais. “Um passo essencial”, disse.
Atualmente, cidadãos japoneses não precisam de visto para entrar no Brasil por até 90 dias. A reciprocidade por parte do Japão, no entanto, ainda está em fase de negociação.
O governo brasileiro argumenta que a medida pode contribuir para o estímulo ao turismo, ao intercâmbio cultural e à intensificação das atividades comerciais.
Durante o discurso, Lula também comentou a retração nas relações comerciais entre os dois países. Segundo ele, o volume de trocas comerciais caiu de US$ 17 bilhões em 2011 para US$ 11 bilhões em 2024.
O governo brasileiro considera esse movimento um sinal da necessidade de revisão nas estratégias bilaterais e busca reverter a tendência com novos acordos.
A agenda do presidente em Tóquio se insere em um esforço diplomático voltado à diversificação de parcerias estratégicas e ao fortalecimento do papel do Mercosul no comércio global.
Em dezembro de 2023, o bloco concluiu a negociação de um acordo com a União Europeia, após 25 anos de tratativas. O tratado, no entanto, ainda aguarda ratificação pelos parlamentos dos países envolvidos e por instâncias legislativas da União Europeia.
Líderes sul-americanos têm buscado acelerar a entrada em vigor do acordo com o bloco europeu, considerado prioritário pela diplomacia brasileira. A expectativa é de que o tratado possa abrir novos mercados para os países do Mercosul e consolidar o bloco como ator relevante no cenário comercial global.
Após o encerramento do fórum empresarial, Lula e Ishiba participaram de uma reunião bilateral reservada. O encontro abordou temas relacionados à ampliação da cooperação entre os dois países em áreas como investimentos, tecnologia, infraestrutura e sustentabilidade.
A visita do presidente brasileiro ao Japão ocorre em meio a uma série de agendas internacionais voltadas à reconstrução de alianças estratégicas e ao reposicionamento do Brasil em fóruns multilaterais.
A equipe do governo considera que os movimentos recentes são parte de uma nova política externa baseada na diversificação de parceiros e na defesa de um sistema internacional mais equilibrado.
Segundo o Itamaraty, a viagem ao Japão também inclui reuniões com empresários e autoridades locais, além de encontros com representantes da comunidade brasileira residente no país asiático.
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