A concentração de riqueza nos Estados Unidos alcançou seu maior patamar em 2024, de acordo com dados divulgados pelo Federal Reserve. Segundo os números, os 50% mais ricos da população norte-americana detêm 97,5% de toda a riqueza nacional, enquanto a metade mais pobre concentra apenas 2,5%.
O levantamento mostra que a desigualdade patrimonial continua em trajetória de alta. No grupo formado pelos 0,1% mais ricos da população, aproximadamente 133 mil famílias, a participação na riqueza total chegou a 13,8% no final de 2024.
Trata-se do maior índice já registrado na série histórica mantida pelo banco central dos Estados Unidos. Em 2020, esse grupo detinha 13%, o que indica aumento da concentração em apenas quatro anos.
De acordo com o jornal O Globo, o crescimento do patrimônio do topo da pirâmide foi impulsionado principalmente pelos ganhos no mercado financeiro.
Entre 2020 e 2024, as famílias pertencentes ao grupo dos 0,1% mais ricos acumularam US$ 6 trilhões em riqueza líquida, beneficiadas pela valorização de ações e outros ativos.
A composição da riqueza dessa parcela evidencia a influência do mercado financeiro. Cerca de 50% do patrimônio está alocado em ações negociadas em bolsa, enquanto aproximadamente 20% corresponde a participações em empresas privadas.
O mesmo período mostrou desempenho distinto para a base da população. As 50% mais pobres, estimadas em cerca de 66,6 milhões de famílias, registraram crescimento modesto na riqueza líquida, com acréscimo de US$ 1,25 trilhão ao longo de quatro anos.
Em 2022, essa metade havia alcançado 2,7% de participação na riqueza nacional, maior nível desde 1989. No entanto, o percentual caiu para 2,5% em 2024.
A análise dos dados também revela disparidades por faixa etária. Segundo o levantamento, pessoas com 70 anos ou mais aumentaram sua participação na riqueza total dos Estados Unidos. Em 2020, essa faixa etária detinha 27,6% da riqueza. Em 2024, o número subiu para 31,4%.
Além disso, esse grupo passou a concentrar parcela maior do capital acionário do país. No fim de 2020, os idosos possuíam 32,9% das ações corporativas americanas. Em 2024, o índice subiu para 38,3%.
O fenômeno está relacionado à estrutura demográfica dos Estados Unidos. A geração nascida entre 1946 e 1964, conhecida como baby boomers, está atualmente na casa dos 70 anos e acumulou patrimônio ao longo das últimas décadas. O envelhecimento dessa geração tem impacto direto na distribuição de ativos, sobretudo no mercado acionário.
Os dados do Federal Reserve reforçam a tendência de concentração de riqueza observada ao longo das últimas décadas. Especialistas apontam que, embora as classes de menor renda tenham registrado algum crescimento patrimonial, a velocidade de acumulação entre os grupos mais ricos mantém a desigualdade em trajetória ascendente.
O relatório não traz projeções futuras, mas os indicadores sugerem continuidade da concentração caso o padrão atual de valorização de ativos e distribuição de capital não seja alterado.
O Fed acompanha regularmente a evolução da distribuição de riqueza como parte de seus estudos sobre a economia doméstica, sem emitir juízo de valor ou propostas de política pública a partir desses dados.
Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!