
A Petrobras reinjetou 14,2 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO₂) nos reservatórios do pré-sal da Bacia de Santos em 2024, superando o volume de 13 milhões de toneladas registrado em 2023.
De acordo com dados do Global CCS Institute (GCCSI), o projeto liderado pela estatal brasileira representa a maior operação de captura e armazenamento de carbono em execução no mundo em volume anual de CO₂ reinjetado.
A prática é realizada em águas ultraprofundas, utilizando formações rochosas do pré-sal como local de armazenamento permanente do gás. Essas formações apresentam características geológicas que reduzem o risco de vazamentos e são adequadas para esse tipo de atividade.
O relatório mais recente do GCCSI aponta que a capacidade total de injeção de projetos de captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS) em operação no mundo alcançou 51 milhões de toneladas de CO₂ em 2024.
A reinjeção da Petrobras representa 28% desse total, posicionando o Brasil como um dos principais agentes na mitigação global de emissões de gases de efeito estufa.
Segundo Renata Baruzzi, diretora de Engenharia, Tecnologia e Inovação da Petrobras, a estratégia adotada integra a captura e armazenamento de carbono ao processo de recuperação avançada de petróleo (EOR – Enhanced Oil Recovery).
“A estratégia, que associa o CCUS à recuperação avançada de petróleo, foi crucial para a Petrobras viabilizar a produção de petróleo com menor emissão por barril produzido. A média global de emissões por barril ainda é 70% superior à média do pré-sal”, afirmou.
Atualmente, 22 unidades do tipo FPSO (Floating Production Storage and Offloading) operam no pré-sal da Bacia de Santos com sistemas de captura e reinjeção de CO₂.
A tecnologia aplicada permite a redução direta das emissões operacionais e, ao mesmo tempo, melhora o rendimento da extração de petróleo, por meio do processo conhecido como CCUS-EOR.
O programa é considerado pioneiro por ser desenvolvido em ambientes de águas ultraprofundas, com operação contínua desde 2008. Desde o início da atividade, o volume total de CO₂ reinjetado pela Petrobras atingiu 67,9 milhões de toneladas até 2024.
De acordo com Maurício Tolmasquim, diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, o programa deve seguir em expansão.
“Com a entrada em operação de novas unidades de produção, a perspectiva é de atingir a marca de 80 milhões de toneladas de CO₂ reinjetadas até o final de 2025”, afirmou.
A meta integra a estratégia da estatal para reduzir a intensidade de carbono na produção de petróleo, mantendo competitividade no mercado internacional diante das exigências ambientais e de desempenho energético.
O uso do CO₂ capturado para aumentar a recuperação de petróleo representa uma alternativa de produção que combina eficiência operacional e mitigação de emissões.
O desempenho do programa é acompanhado por instituições internacionais que monitoram a evolução de tecnologias de descarbonização.
A crescente participação brasileira na capacidade global de CCUS reforça o papel do país na transição energética, com destaque para o uso de soluções aplicáveis à indústria de óleo e gás.
O pré-sal brasileiro, com sua geologia específica, fornece condições favoráveis para o armazenamento geológico de CO₂.
A Petrobras utiliza injeção direta do gás em reservatórios já explorados, sem necessidade de estruturas adicionais de descarte ou transporte para áreas externas, o que contribui para a viabilidade econômica e operacional do projeto.
Além da reinjeção de CO₂, a estatal também conduz iniciativas voltadas à eficiência energética, eletrificação de operações e diversificação do portfólio de produção com foco em fontes de energia de baixo carbono.
O modelo desenvolvido pela Petrobras se tornou referência para outras iniciativas internacionais em ambientes offshore e é frequentemente citado em fóruns técnicos sobre mitigação de emissões na cadeia produtiva de hidrocarbonetos.
O avanço do programa de CCUS da Petrobras no pré-sal ocorre em um contexto global de aceleração de investimentos em tecnologias voltadas à captura de carbono, impulsionadas por compromissos assumidos por países e empresas nos acordos climáticos multilaterais.
O armazenamento geológico é uma das alternativas apontadas por especialistas para alcançar metas de neutralidade de carbono até meados do século.
A continuidade do projeto dependerá da manutenção dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento, bem como da expansão da infraestrutura de produção e da capacidade de monitoramento dos reservatórios.
O setor avalia que o modelo brasileiro pode ser replicado em outros campos com características semelhantes, ampliando a contribuição do país para os compromissos globais de redução de emissões.