O governo do Japão decidiu enviar uma missão de especialistas em sanidade animal ao Brasil, com o objetivo de avaliar as condições sanitárias da produção de carne bovina no país.
A informação foi confirmada nesta terça-feira, 25, pelo ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro (PSD), e representa um avanço nas tratativas para a retomada das exportações brasileiras ao mercado japonês.
A visita dos técnicos japoneses atende à principal pauta da missão diplomática liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante sua visita oficial ao Japão.
A intenção do governo brasileiro é retomar as exportações de carne bovina a um dos mercados considerados entre os mais exigentes no que se refere a protocolos sanitários. Atualmente, os principais fornecedores de carne bovina ao Japão são Estados Unidos e Austrália.
“Confirmado que irão mandar os experts em sanidade animal o mais breve possível”, declarou Fávaro. O ministro observou que o governo japonês tem evitado utilizar o termo “inspeção” ao se referir à visita técnica, preferindo a expressão “visita dos experts”. “Digo, devem mandar imediatamente”, afirmou.
Como parte do processo, o Japão encaminhou ao Ministério da Agricultura um questionário com solicitações técnicas detalhadas sobre os sistemas de controle sanitário do rebanho bovino brasileiro. O preenchimento do formulário é uma etapa prévia ao envio da missão técnica e à eventual reabertura do mercado japonês à carne bovina do Brasil.
As exportações brasileiras para o Japão estão suspensas há anos devido a restrições sanitárias. O Brasil busca retomar o acesso ao mercado japonês, considerado estratégico pelo volume de importações e pelo valor agregado dos produtos comprados.
Caso a missão técnica resulte em parecer favorável, haverá possibilidade de reativação das exportações, com impacto sobre o setor pecuário brasileiro.
Em paralelo às negociações sobre carne bovina, houve avanço nas tratativas envolvendo carne de frango. De acordo com Fávaro, o governo japonês confirmou a adoção de um novo protocolo para casos de influenza aviária, com a regionalização das medidas restritivas por município.
“Foi confirmada a alteração do protocolo de influenza aviária, com regionalização por município”, afirmou o ministro.
A mudança implica que, diante de surtos isolados da doença em áreas específicas, as exportações de outras regiões do Brasil não serão automaticamente suspensas.
A adoção da regionalização segue modelo já aplicado por países como Estados Unidos e membros da União Europeia. A medida busca garantir previsibilidade e continuidade nas exportações do setor avícola.
A regionalização é parte da política de zonificação sanitária adotada pelo Ministério da Agricultura. Essa política estabelece critérios técnicos para delimitar áreas com diferentes status sanitários, permitindo que surtos de doenças não resultem na suspensão nacional das exportações.
A aceitação do modelo pelo Japão amplia a margem de operação do setor avícola e reduz impactos econômicos em situações de emergência sanitária.
As tratativas com o governo japonês se intensificaram nos últimos meses e a decisão de envio da missão técnica é considerada uma etapa relevante no processo de aproximação comercial. A reabertura do mercado japonês à carne bovina brasileira tem sido tratada como prioridade pelo Ministério da Agricultura e pelas entidades do setor agropecuário.
O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina do mundo. Em 2023, o país exportou aproximadamente 2,3 milhões de toneladas do produto, com destinos concentrados na China, Emirados Árabes Unidos, Egito e Chile.
O Japão, embora atualmente fora dessa lista, é visto como um mercado estratégico por seu poder de compra e pelos critérios de qualidade exigidos.
A missão técnica japonesa deverá visitar estabelecimentos brasileiros de produção e processamento de carne bovina, além de laboratórios e centros de vigilância sanitária. As datas da visita ainda não foram divulgadas oficialmente. O relatório da missão será utilizado como base para a tomada de decisão sobre a autorização de reingresso da carne brasileira no mercado japonês.
Com a sinalização de avanço nas negociações, o governo brasileiro avalia que há potencial para ampliar a presença do agronegócio nacional no mercado asiático. O Ministério da Agricultura tem trabalhado em ações de promoção comercial, defesa sanitária e harmonização de protocolos técnicos com países importadores.
A expectativa do setor produtivo é de que a missão técnica e a revisão dos protocolos sanitários resultem na reabertura efetiva do mercado japonês, o que ampliaria as possibilidades de exportação em um cenário internacional competitivo.
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