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Irã descarta negociações diretas com os EUA enquanto sanções forem mantidas

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Seyed Abbas Araqchi, afirmou nesta segunda-feira, 24, em entrevista coletiva realizada em Teerã, que o país não iniciará negociações diretas com os Estados Unidos enquanto permanecerem vigentes as sanções econômicas e as ameaças do governo norte-americano. A declaração foi divulgada pela emissora HispanTV. Segundo Araqchi, a posição do […]

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REUTERS

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Seyed Abbas Araqchi, afirmou nesta segunda-feira, 24, em entrevista coletiva realizada em Teerã, que o país não iniciará negociações diretas com os Estados Unidos enquanto permanecerem vigentes as sanções econômicas e as ameaças do governo norte-americano. A declaração foi divulgada pela emissora HispanTV.

Segundo Araqchi, a posição do Irã é “definitiva e clara” e está condicionada a uma mudança na postura norte-americana.

“Até que haja uma mudança fundamental na atitude dos Estados Unidos em relação à República Islâmica e ao povo do Irã, não há negociações diretas”, declarou.

O chanceler também afirmou que qualquer comunicação entre os dois países ocorrerá exclusivamente por meios indiretos. “Nosso objetivo e missão é garantir os interesses e a segurança nacional, algo de que nunca abriremos mão”, completou.

A declaração foi feita em um contexto de crescente tensão nas relações entre os dois países. Recentemente, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou uma carta ao líder supremo do Irã, Aiatolá Seyed Ali Khamenei, na qual expressou interesse em estabelecer um canal de diálogo.

A correspondência, segundo fontes diplomáticas, foi entregue por um alto representante dos Emirados Árabes Unidos no início de março.

Araqchi, no entanto, rejeitou a iniciativa de Washington, citando a política de “pressão máxima” adotada pelo governo norte-americano, que inclui sanções econômicas e medidas diplomáticas.

Para o ministro iraniano, essa abordagem impede qualquer possibilidade de negociação direta. “O governo dos EUA precisa abandonar essa abordagem agressiva e considerar os direitos soberanos do Irã se quiser que haja alguma abertura para negociações”, declarou.

O líder supremo iraniano também se manifestou sobre a tentativa de diálogo. Durante discurso, o Aiatolá Khamenei classificou a proposta como uma estratégia política.

“Quando o presidente dos EUA diz que está disposto a negociar, é um engano para o público. Por que o Irã não está disposto a negociar com os EUA? Esse mesmo presidente dos EUA corta os acordos negociados e assinados no JCPOA. Quando sabemos que eles não estão cumprindo seus compromissos, como podemos negociar?”, questionou.

O JCPOA, sigla em inglês para Plano de Ação Conjunto Abrangente, foi assinado em 2015 entre o Irã e os países do grupo P5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha).

O acordo estabeleceu restrições ao programa nuclear iraniano em troca do levantamento de sanções econômicas. No entanto, em 2018, o então presidente Donald Trump anunciou a retirada dos Estados Unidos do tratado e reintroduziu sanções contra o Irã.

Durante a coletiva, Araqchi reiterou que o Irã continua comprometido com os termos do JCPOA, desde que as demais partes do acordo também cumpram suas obrigações.

“O Irã continuará dentro dos parâmetros acordados, desde que os parceiros internacionais respeitem os termos estabelecidos. Mas não aceitamos nenhuma imposição unilateral dos EUA”, afirmou.

Desde a saída dos Estados Unidos do acordo, o governo iraniano tem buscado apoio diplomático de outros signatários, especialmente da Rússia e da China.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, declarou recentemente que a utilização de sanções como instrumento de pressão contra o Irã é “inaceitável” e que Moscou continuará empenhada na preservação do JCPOA.

O posicionamento do Irã ocorre em meio a uma série de movimentações diplomáticas envolvendo o programa nuclear iraniano e a tentativa de restabelecimento do acordo.

Em diversos fóruns internacionais, representantes do Irã têm reiterado que não aceitarão negociações enquanto os Estados Unidos mantiverem a atual política externa baseada em sanções e ameaças.

Para Araqchi, a soberania e os interesses estratégicos do país não serão comprometidos por pressões externas. “Nosso caminho é o da dignidade e do respeito mútuo. Se os EUA realmente querem o diálogo, devem primeiro abandonar a lógica da coerção”, afirmou.

Até o momento, não houve manifestação oficial da Casa Branca sobre as declarações do ministro iraniano. A possibilidade de retomada do diálogo entre os dois países permanece condicionada a mudanças nas ações do governo norte-americano em relação ao Irã e ao cumprimento dos compromissos assumidos no acordo nuclear de 2015.

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