BYD supera novamente Tesla em receita anual e amplia vantagem nas entregas de veículos elétricos

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A fabricante chinesa BYD registrou receita recorde de 777 bilhões de yuans (US$ 101,1 bilhões) em 2024, superando os US$ 97,7 bilhões obtidos pela Tesla no mesmo período.

Os resultados foram divulgados na segunda-feira, 24, e consolidam a liderança da empresa sediada em Shenzhen no mercado global de veículos elétricos (VEs), tanto em termos de faturamento quanto em volume de entregas.

A BYD começou a ultrapassar a Tesla em vendas de unidades a partir do terceiro trimestre de 2024, ampliando uma vantagem iniciada em 2022, em meio ao crescimento do mercado interno chinês de VEs e à continuidade de subsídios estatais.

No acumulado do ano, a BYD reportou 4,27 milhões de unidades entregues, um aumento de 41% em relação a 2023. Destas, cerca de 10% foram destinadas a mercados estrangeiros, enquanto a maioria das vendas ocorreu no território continental chinês.

No mesmo período, a Tesla registrou queda de 1,1% nas entregas, totalizando 1,79 milhão de unidades. A diferença reflete a desaceleração da participação da Tesla no mercado chinês, que passou de 16% em 2020 para 6% em 2024, atingindo 4,3% no mês de fevereiro, segundo dados do setor.

A margem de lucro, no entanto, segue como desafio para a BYD. Embora o lucro líquido da empresa tenha crescido 34% em 2024, atingindo 40,25 bilhões de yuans, o valor é aproximadamente 20% inferior ao lucro da Tesla, que foi de US$ 7,1 bilhões no mesmo período, mesmo após uma queda de 53% na rentabilidade da montadora norte-americana.

De acordo com Gao Shen, analista independente com sede em Xangai, “a BYD está consolidando seu papel como rei dos veículos elétricos da China por causa de seu domínio no maior mercado do mundo”.

Ele afirmou que a expansão das entregas e a diversificação dos modelos oferecidos devem contribuir para a melhora da rentabilidade da empresa nos próximos trimestres.

Em fevereiro, a diferença de desempenho entre as duas empresas foi acentuada. A fábrica da Tesla em Xangai entregou 30.688 veículos a clientes na China, uma queda de 49,2% em relação ao mesmo mês do ano anterior, marcando o menor volume desde julho de 2022. No mesmo período, a BYD entregou 322.846 veículos, um aumento de 164%.

Na Europa, as vendas da Tesla também apresentaram recuo. Dados da Associação dos Fabricantes Europeus de Automóveis mostram que, em fevereiro, as entregas da empresa caíram 42,6% em comparação ao mesmo mês de 2023, somando 16.888 unidades.

A Tesla tem buscado estratégias para conter a perda de participação no mercado chinês. Fontes com conhecimento das operações da empresa afirmam que está em desenvolvimento uma versão mais acessível do modelo Model Y, além de investimentos em software de direção autônoma voltados ao consumidor local.

Enquanto isso, a BYD e outras fabricantes chinesas seguem ampliando seus portfólios e adotando políticas de preços agressivas. A competição por participação de mercado tem levado a cortes de preços e à introdução de novos modelos.

A guerra de preços, associada a incentivos governamentais, tem impactado a capacidade das montadoras de veículos elétricos de expandir suas margens de lucro bruto no curto prazo.

O Deutsche Bank divulgou nesta terça-feira, 25, uma previsão para os resultados da BYD no primeiro trimestre de 2025.

O banco estima um lucro líquido de 6 bilhões de yuans, o que representaria um aumento de 31% em relação ao mesmo período do ano anterior. Também é esperada uma alta de 60% nas entregas trimestrais, atingindo a marca de 1 milhão de unidades.

Projeções de mercado indicam que a BYD deve alcançar receita anual de US$ 130,3 bilhões em 2025 e US$ 154,2 bilhões em 2026. Para a Tesla, as estimativas apontam faturamento de US$ 110,3 bilhões em 2025 e US$ 133,4 bilhões em 2026, conforme dados consolidados por analistas monitorados pela Bloomberg.

O desempenho da BYD reflete a consolidação da China como principal mercado global de veículos elétricos, responsável por cerca de 60% das vendas mundiais do setor.

A trajetória da empresa se apoia na demanda doméstica, no apoio estatal e na expansão internacional por meio de preços competitivos e diversificação de modelos.

Já a Tesla, diante da concorrência crescente e da redução de subsídios em mercados estratégicos, tem enfrentado desafios para manter sua posição de liderança no segmento.

Com informações da SCMP

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