O mercado financeiro reduziu novamente as expectativas para inflação, câmbio e crescimento econômico em 2025, segundo dados divulgados nesta segunda-feira, 24, no Relatório Focus, publicação semanal do Banco Central que reúne estimativas de analistas do setor privado.
A projeção para a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu de 5,66% para 5,65%. Para 2026, a expectativa manteve-se em 3,91%. Para 2027, a projeção ficou em 4,00%. Já para 2028, a estimativa foi mantida em 3,78%.
Em relação ao câmbio, a mediana das previsões para o dólar em 2025 recuou de R$ 5,98 para R$ 5,95. As expectativas para os anos seguintes não foram alteradas.
No caso do Produto Interno Bruto (PIB), a expectativa para 2025 caiu de 1,99% para 1,98%. Para 2026, a projeção foi mantida em 1,60%. A estimativa para 2027 recuou de 2,00% para 1,99%. Para 2028, a previsão permaneceu em 2% pelo 54º relatório consecutivo.
A taxa básica de juros (Selic), por sua vez, teve sua projeção mantida em 15% para 2025, sem alterações há 11 semanas. A expectativa para 2026 segue em 12,50%, para 2027 em 10,50% e para 2028 em 10%, valor que permanece constante há 13 semanas.
No detalhamento da inflação, o relatório também trouxe atualizações para os preços administrados — aqueles definidos ou influenciados por decisões do poder público, como energia elétrica e combustíveis. A projeção para 2025 subiu de 5,05% para 5,06%.
Para 2026, a expectativa avançou de 4,21% para 4,28%. Em 2027, a estimativa ficou em 4,00%. Para 2028, houve elevação de 3,90% para 3,94%.
Outro índice monitorado pelo mercado, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), teve projeção ligeiramente elevada para 2025, passando de 5,62% para 5,63%. Para 2026, a mediana das previsões caiu de 4,55% para 4,52%. As estimativas para 2027 e 2028 permaneceram em 4%.
O Relatório Focus é publicado semanalmente pelo Banco Central com base em respostas coletadas junto a instituições financeiras e consultorias econômicas.
O documento apresenta a mediana das expectativas para os principais indicadores macroeconômicos do país, servindo como referência para agentes de mercado e formuladores de políticas públicas.
As projeções atualizadas refletem o cenário de desaceleração gradual da atividade econômica, associada ao nível da taxa básica de juros, que permanece elevado para conter pressões inflacionárias.
Ao mesmo tempo, os dados indicam estabilidade das expectativas de médio prazo, sem mudanças relevantes nos horizontes de 2027 e 2028 para os principais indicadores.
A variação discreta nas estimativas para 2025 é interpretada por analistas como um ajuste pontual, sem impacto estrutural nas expectativas de longo prazo.
As oscilações também acompanham o comportamento dos dados conjunturais recentes, como índices de atividade, inflação corrente e movimentos do mercado de câmbio.
O comportamento das expectativas de preços administrados segue sob acompanhamento, especialmente diante da dinâmica dos reajustes tarifários e da política energética. No caso do IGP-M, que tem peso relevante em contratos de aluguel e tarifas públicas, as projeções demonstram estabilidade, com tendência de desaceleração nos próximos anos.
Em relação ao câmbio, o recuo na projeção para 2025 ocorre em meio a um cenário internacional marcado por variações na taxa de juros dos Estados Unidos, fluxo comercial e fatores geopolíticos. A taxa de câmbio projetada influencia diretamente os preços de bens importados e, indiretamente, os níveis de inflação interna.
No que diz respeito à política monetária, a manutenção da projeção da Selic em 15% para 2025 sugere uma percepção de continuidade do ciclo restritivo para conter pressões inflacionárias. As estimativas para os anos seguintes indicam expectativa de redução gradual dos juros, com retomada do processo de normalização monetária nos próximos ciclos.
O desempenho do PIB, com variações mínimas nas projeções, aponta para uma recuperação moderada da economia, condicionada ao ritmo de investimentos, consumo interno e desempenho do setor externo. As estimativas consolidadas refletem a leitura de que o crescimento econômico continuará em ritmo lento nos próximos anos, com estabilidade nos fundamentos.
A próxima edição do Relatório Focus será divulgada em 1º de abril e trará novas atualizações com base no cenário macroeconômico e nas tendências observadas ao longo da semana.
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