O primeiro carregamento de sistemas de armazenamento de energia Megapack produzidos pela Tesla na Megafábrica de Xangai será enviado à Austrália nesta sexta-feira, 22.
A unidade, inaugurada há pouco mais de um mês, é a primeira instalação da empresa fora dos Estados Unidos dedicada à produção do equipamento.
A fábrica iniciou suas operações em 11 de fevereiro com capacidade anual estimada em 10.000 unidades, equivalente a cerca de 40 gigawatts-hora de armazenamento.
Segundo declaração da empresa enviada ao jornal estatal Global Times, os produtos fabricados em Xangai atenderão tanto o mercado interno da China quanto países da região Ásia-Pacífico.
De acordo com a Tesla, o início das exportações reflete a ampliação da presença da companhia no mercado global de armazenamento de energia.
A empresa afirma que a linha Megapack amplia a aplicação de sua tecnologia de baterias para além dos veículos elétricos.
A fábrica em Xangai é parte da estratégia da empresa para atender à crescente demanda por soluções de armazenamento de energia, com projeção de aumento de 50% nas implantações anuais até 2025, segundo dados divulgados pela Agência de Notícias Xinhua.
Especialistas chineses destacam que a instalação da Megafábrica e a exportação dos primeiros produtos representam um exemplo da cooperação entre empresas estrangeiras e o setor industrial chinês.
Wang Peng, pesquisador da Academia de Ciências Sociais de Pequim, afirmou ao Global Times que a parceria demonstra um modelo de colaboração entre partes estrangeiras e o ambiente industrial local.
Segundo ele, a China oferece cadeia produtiva estruturada, mercado consumidor amplo e ambiente de negócios que contribuem para a confiança de investidores internacionais.
No mesmo dia em que foi confirmada a primeira exportação da Megafábrica, o Governo Municipal de Xangai concedeu certificados a 30 novas sedes regionais de empresas multinacionais, 10 centros de pesquisa e desenvolvimento com capital estrangeiro e 10 instituições parceiras voltadas à promoção de investimento internacional.
De acordo com o China Media Group (CMG), entre as 40 novas instalações certificadas — sedes corporativas e centros de P&D — mais da metade está associada a setores considerados estratégicos para a cidade, como eletrônica, tecnologia da informação, biofarmacêuticos, equipamentos de alta precisão, moda, bens de consumo e novas energias.
Ainda segundo o CMG, nove dessas empresas estabeleceram sedes regionais para a Grande China ou superiores, enquanto quatro fazem parte do grupo Fortune Global 500.
As 10 instituições designadas como parceiras na promoção de investimentos incluem organizações do setor financeiro, associações empresariais e firmas de consultoria com atuação internacional.
Segundo o relatório oficial, essas entidades serão responsáveis por conectar potenciais investidores estrangeiros a oportunidades locais, utilizando suas redes de contato e recursos para atrair capital internacional para Xangai.
Wang afirmou que o conjunto de medidas adotadas pelo governo local demonstra a capacidade da cidade de conduzir processos de modernização industrial e de ampliar sua atratividade para empresas multinacionais.
Ele acrescentou que o ambiente regulatório e as políticas de incentivo têm sido fatores relevantes para a decisão de empresas internacionais em expandir operações na China.
No início de fevereiro, o governo municipal anunciou novas diretrizes para fortalecimento das sedes regionais de corporações multinacionais, com foco na integração de funções como pesquisa, gestão financeira e tomada de decisões estratégicas.
Também foram anunciados estímulos para que essas sedes evoluam para estruturas regionais da Ásia-Pacífico ou globais em áreas como biotecnologia, circuitos integrados, inteligência artificial, novos materiais e fontes de energia renovável.
Em 2024, Xangai certificou 60 novas sedes regionais e 30 centros de P&D com capital estrangeiro. Ao final de fevereiro, a cidade acumulava um total de 1.027 sedes regionais e 597 centros de pesquisa e desenvolvimento com participação internacional.
O Relatório de Trabalho do Governo deste ano reafirmou o compromisso com a abertura econômica, independentemente de mudanças no cenário internacional. A manutenção dessa diretriz tem sido apontada por autoridades locais como elemento central da estratégia de crescimento.
Wang também observou que, com a transição industrial em curso no país, os setores de fabricação de equipamentos de alta tecnologia e manufatura inteligente devem concentrar os fluxos de novos investimentos estrangeiros.
Segundo ele, há expectativa de crescimento da cooperação também em áreas como serviços financeiros, telecomunicações, saúde e educação.
Dados do Ministério do Comércio da China indicam que, no primeiro bimestre de 2025, foram criadas 7.574 novas empresas com investimento estrangeiro, o que representa alta de 5,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.
No mesmo intervalo, a utilização real de capital estrangeiro aumentou 33,5% no setor de comércio eletrônico, 22,9% na indústria de fabricação de medicamentos biológicos e 40,7% no segmento de equipamentos inteligentes para consumo.