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Israel ameaça anexação após expandir ofensiva terrestre em Gaza

As forças militares de Israel continuam pelo quarto dia consecutivo com a ofensiva contra a Faixa de Gaza, intensificando operações terrestres no norte e no sul do território. O ministro da Defesa, Israel Katz, ameaçou tomar posse permanente de áreas da região caso os cativos não sejam libertados. O ministro afirmou nesta sexta-feira que as […]

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Uma mulher palestina chora entre os corpos dos mortos no ataque israelense no Hospital Indonésio em Beit Lahiya, Gaza, em 20 de março de 2025 [Abdalhkem Abu Riash/Anadolu]

As forças militares de Israel continuam pelo quarto dia consecutivo com a ofensiva contra a Faixa de Gaza, intensificando operações terrestres no norte e no sul do território. O ministro da Defesa, Israel Katz, ameaçou tomar posse permanente de áreas da região caso os cativos não sejam libertados.

O ministro afirmou nesta sexta-feira que as Forças de Defesa de Israel “intensificariam” a campanha contra o Hamas e utilizariam “toda a pressão militar e civil, incluindo a evacuação da população de Gaza para o sul e a implementação do plano de migração voluntária proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para os moradores de Gaza”.

Segundo a mídia local, Katz ordenou ao exército “que tomasse áreas adicionais em Gaza, evacuasse a população e ampliasse as zonas de segurança ao redor de Gaza para proteger comunidades israelenses e soldados”.

Ele também advertiu que Israel tomaria posse definitiva de territórios na Faixa de Gaza até que o Hamas concordasse em libertar todos os reféns mantidos no enclave.

“Quanto mais o Hamas persistir em recusar a libertação dos reféns, mais território perderá, que será anexado a Israel”, disse Katz, conforme publicado pelo jornal The Jerusalem Post.

“Se os reféns não forem libertados, Israel continuará tomando mais e mais território da Faixa de Gaza para controle permanente.”

Enquanto as forças terrestres avançam, a aviação israelense mantém intenso bombardeio sobre Gaza. Segundo médicos palestinos, cinco pessoas, incluindo três crianças, morreram em um ataque aéreo no distrito de Tuffah, na Cidade de Gaza. Outras duas vítimas – uma mulher e sua filha – foram mortas por disparos de tanque em Abassan, próximo a Khan Younis, no sul.

Mais tarde, o exército israelense informou ter interceptado dois projéteis disparados do norte de Gaza, após alertas soarem na cidade de Ashkelon, no sul de Israel. Nenhum grupo palestino reivindicou a autoria do ataque imediatamente.

Os desdobramentos ocorrem após a invasão israelense nas áreas de Shaboura, em Rafah (no extremo sul, próximo à fronteira com o Egito), e Beit Lahiya, no norte da Faixa de Gaza, na noite de quinta-feira. No início da semana, Israel havia anunciado o bloqueio da principal rota norte-sul do território como parte da ampliação de sua ofensiva terrestre.

A correspondente da Al Jazeera, Hind Khoudary, reportando de Gaza central, afirmou que, segundo moradores de Beit Lahiya e Rafah, não houve aviso prévio das incursões israelenses.

“Eles não lançaram panfletos nem emitiram alertas pedindo para que as pessoas evacuassem essas áreas”, disse ela.

As operações em solo ocorrem após Israel romper um cessar-fogo de quase dois meses na terça-feira, com uma nova onda de bombardeios, após impor novo bloqueio ao território palestino. De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, mais de 590 pessoas, incluindo cerca de 200 crianças, foram mortas desde o reinício dos ataques.

Israel justificou o retorno das operações afirmando que o Hamas não aceitou uma nova proposta de cessar-fogo. As autoridades israelenses desejavam uma extensão da primeira fase da trégua de três etapas e a libertação da maioria dos 59 reféns ainda mantidos em Gaza – dos quais cerca de duas dezenas estariam vivas – sem se comprometerem com o fim da guerra.

O grupo armado palestino, por sua vez, reiterou que queria cumprir o acordo original assinado em janeiro, segundo o qual as partes deveriam iniciar negociações para a segunda fase do acordo, que incluiria a libertação dos reféns restantes, a retirada das tropas israelenses do enclave e o fim definitivo das hostilidades.

Os Estados Unidos, principal aliado de Israel, responsabilizaram o Hamas pela retomada dos bombardeios a Gaza.

“O Hamas tem total responsabilidade pela guerra em andamento em Gaza e pela retomada das hostilidades. Cada morte poderia ter sido evitada se o Hamas tivesse aceitado a proposta-ponte apresentada pelos Estados Unidos na última quarta-feira”, declarou a embaixadora interina dos EUA, Dorothy Shea, no Conselho de Segurança da ONU nesta sexta-feira.

Falta de ajuda e hospitais sobrecarregados

A UNRWA, agência da ONU para refugiados palestinos, afirmou que a situação em Gaza é extremamente grave, diante da drástica redução de suprimentos humanitários.

“Este é o período mais longo desde o início do conflito, em outubro de 2023, sem a entrada de qualquer tipo de suprimento em Gaza”, declarou Sam Rose, da UNRWA, falando a jornalistas a partir da região central de Gaza. “Todo o progresso que conseguimos nas últimas seis semanas de cessar-fogo está sendo revertido.”

“Podemos estender um pouco, oferecendo menos às pessoas, mas estamos falando de dias, não semanas”, acrescentou Rose sobre quanto tempo a ajuda pode durar. Ele também informou que seis das 25 padarias apoiadas pelo Programa Mundial de Alimentos foram forçadas a fechar.

Hind Khoudary afirmou que profissionais da saúde e hospitais na Faixa de Gaza estão completamente sobrecarregados durante a nova ofensiva israelense.

“Estamos falando de 18 dias sem a entrada de nenhum caminhão de ajuda na Faixa de Gaza. Nem mesmo um único caminhão com suprimentos médicos entrou”, afirmou.

Ela acrescentou que, segundo os médicos, a maioria dos feridos são crianças, mulheres e idosos, e que muitos dos ferimentos são extremamente graves.

Além disso, a escassez de combustível na região costeira está agravando ainda mais a situação. “A maioria dos hospitais de Gaza corre risco de colapso e fechamento se não receber combustível nos próximos dias”, disse Khoudary.

Em 2 de março, Israel bloqueou toda ajuda humanitária para Gaza após o término da primeira fase do cessar-fogo, interrompendo a entrada de alimentos, medicamentos e combustível.

A decisão resultou em condenações internacionais, com países europeus alertando que o bloqueio pode violar o direito humanitário internacional.

Autora: Al Jazeera e agências de notícias
Data: 21 de março de 2025
Fonte: aljazeera.com

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