Os preços do biodiesel no mercado brasileiro caíram cerca de 7% no acumulado do ano até o início de março, segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A redução tem relação com a entrada da safra recorde de soja e com a queda nas cotações internacionais do óleo de soja, principal insumo utilizado na produção do biocombustível.
O movimento de recuo pode se intensificar, conforme projeções do setor, impulsionado ainda pela decisão do governo de manter a mistura obrigatória de 14% de biodiesel no diesel (B14), adiando o aumento para 15% (B15), que estava previsto para março.
A medida foi adotada com base em preocupações relacionadas ao impacto sobre os preços dos combustíveis.
Segundo a ANP, o preço médio do biodiesel no país chegou a R$ 5,797 por litro, o menor valor desde outubro de 2024. No ano passado, os preços chegaram aos maiores níveis em quase três anos.
A safra recorde de soja no Brasil, estimada em aproximadamente 170 milhões de toneladas, deve resultar em maior volume de processamento no país e aumento da oferta de óleo.
Paralelamente, o preço do óleo de soja na bolsa de futuros de Chicago acumula queda superior a 10% em 2025, com a cotação atingindo 42,60 centavos de dólar por libra-peso.
O cenário de redução nos custos pode impactar diretamente os principais produtores do setor. Segundo relatório divulgado pela agência Moody’s, empresas como Oleoplan, Be8, Potencial, Olfar, JBS e Três Tentos representaram cerca de 50% das vendas totais de biodiesel no país em 2024.
O relatório destaca ainda a relevância da mistura obrigatória de biodiesel no diesel como fator determinante para o crescimento da produção.
Desde 2017, o volume de biodiesel produzido no Brasil mais do que dobrou, passando de 4,4 bilhões para 9,1 bilhões de litros em 2024.
A possibilidade de ampliação da mistura para B15 voltou a ser discutida por especialistas diante do atual contexto de preços.
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