O comunicador e pesquisador Vinicios Betiol denunciou nesta quinta-feira, 20, ter sido alvo de uma punição silenciosa no X, rede social anteriormente conhecida como Twitter.
Segundo ele, a plataforma controlada por Elon Musk teria aplicado um mecanismo de restrição de alcance, conhecido como shadowban, sem justificativa oficial.
“O X, empresa do Elon Musk, está tentando me censurar por motivação política”, afirmou Betiol. De acordo com o influenciador digital, mestre e pós-graduado em geopolítica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a medida ocorreu após a publicação de conteúdos em tom crítico a figuras públicas associadas à direita brasileira.
Segundo o relato, a punição ocorreu poucas horas após publicações em que Betiol ironizou a suposta viagem de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) aos Estados Unidos. O parlamentar é filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“A empresa simplesmente deu uma punição chamada shadowban no meu perfil. Isso significa que o meu nome ficará invisível para todos que procuram e as minhas publicações só serão entregues para um número pequeno de pessoas”, explicou. O comunicador acrescentou que não recebeu qualquer aviso formal sobre a penalidade. “Nem mesmo mensagem ou justificativa eles enviaram”, afirmou.
A denúncia ocorre na mesma semana em que o perfil de Betiol foi listado pela consultoria Favikon entre os 20 perfis com maior engajamento entre influenciadores alinhados à esquerda no Brasil. A plataforma realiza monitoramento de atuação digital e alcance de criadores de conteúdo em redes sociais.
O influenciador atribuiu a punição a suposta interferência de funcionários da plataforma no Brasil. “Possivelmente algum bolsonarista do X Brasil aplicou a punição pra tentar calar a voz de um dos perfis com maior alcance dentro da esquerda”, declarou.
Betiol relacionou o episódio a um cenário mais amplo de controle de visibilidade por parte de plataformas digitais.
“Não é só porque aconteceu comigo. Estamos falando de algo extremamente perigoso promovido pelas big techs, que protegem criminosos, impulsionam a extrema direita e censuram a esquerda”, disse.
Ele também afirmou que o caso pode antecipar um cenário de desequilíbrio informacional nas eleições presidenciais previstas para 2026. “Os perfis de esquerda serão censurados e os de extrema direita impulsionados, manipulando o debate público e influenciando no resultado eleitoral”, afirmou.
Ao final da publicação, o influenciador fez um apelo público a representantes do Partido dos Trabalhadores (PT). “Eu deixo aqui um apelo ao PT para que me ajudem a tomar as devidas providências.”
A manifestação reacende o debate sobre práticas de moderação de conteúdo em redes sociais e seu impacto sobre o processo democrático. Grupos políticos e especialistas em comunicação digital têm discutido a necessidade de regulamentação das plataformas, especialmente em períodos eleitorais.
Nos últimos anos, casos de denúncias de restrição de visibilidade ou suspensão de perfis têm sido reportados por usuários de diferentes espectros ideológicos.
O tema também é alvo de propostas legislativas em análise no Congresso Nacional, que discutem mecanismos de transparência na moderação de conteúdo por empresas de tecnologia.
Até o momento, a empresa responsável pela rede social X não se pronunciou oficialmente sobre a denúncia. Também não houve registro público de eventual investigação interna ou revisão da penalidade apontada pelo influenciador.
A ausência de critérios públicos e notificações claras sobre medidas aplicadas a usuários segue como um dos principais pontos de crítica à atuação das plataformas. Organizações de direitos digitais têm apontado a necessidade de regras mais transparentes e mecanismos de contestação acessíveis aos usuários.
A denúncia ocorre em um contexto de polarização política acentuada nas redes sociais e pode influenciar os debates sobre regulação digital e liberdade de expressão no país.
Parlamentares de diferentes partidos têm se manifestado em favor da criação de leis que obriguem as plataformas a divulgar de forma clara os motivos de sanções, além de garantir o direito à defesa de usuários impactados.
Enquanto isso, cresce a pressão sobre empresas de tecnologia para que adotem padrões mais transparentes de moderação, especialmente em anos eleitorais. A expectativa é de que novas regulamentações sejam debatidas nos próximos meses no Legislativo federal.
Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!