A fabricante chinesa de aeronaves Commercial Aircraft Corporation of China (Comac) planeja ampliar em 50% sua capacidade de produção do jato C919 neste ano, elevando o número de unidades para 75, segundo informações apresentadas a fornecedores durante uma conferência realizada nesta semana em Xian.
O C919 é o primeiro jato narrowbody desenvolvido e fabricado na China, e a Comac tem buscado consolidá-lo como alternativa aos modelos de médio alcance da Boeing e da Airbus no mercado doméstico.
A nova meta representa um aumento em relação à projeção anterior da empresa, que havia anunciado em janeiro a produção de 50 aeronaves para 2025. A empresa informou ainda que pretende atingir uma produção anual de 200 unidades do modelo até 2029.
As informações foram divulgadas por uma conta especializada na cadeia de suprimentos da Comac na plataforma WeChat. O conteúdo foi amplamente reproduzido por usuários do Weibo, rede de microblog chinesa semelhante ao X (antigo Twitter), com base em relatos de participantes da conferência.
De acordo com o planejamento divulgado no evento, a capacidade de produção do C919 deve ser elevada para 100 unidades em 2026. A meta intermediária da empresa é alcançar 150 unidades por ano até 2029, antes de atingir o teto de 200 aeronaves anuais previsto no plano industrial de longo prazo.
A Comac, sediada em Xangai, não publicou oficialmente os dados em sua conta institucional no WeChat e não respondeu a pedidos de confirmação da imprensa.
Durante a conferência, também foi informado que os custos anuais de aquisição do programa C919 aumentaram 70% em relação ao período anterior. A estimativa para este ano é de um valor aproximado de 34 bilhões de yuans, o equivalente a cerca de 4,7 bilhões de dólares, segundo os dados compartilhados no evento.
O programa C919 é considerado estratégico para a China no setor aeronáutico e tem recebido apoio institucional como parte do esforço de desenvolvimento da indústria nacional de aviação comercial. O modelo narrowbody é direcionado ao segmento de voos de médio alcance, o mesmo em que atuam os principais modelos da família Boeing 737 e Airbus A320.
A expansão da capacidade produtiva da Comac ocorre em meio ao aumento da demanda doméstica por transporte aéreo e à busca por maior independência tecnológica no setor. A empresa tem fortalecido sua rede de fornecedores nacionais e internacionais para atender às metas de produção previstas.
As informações sobre o aumento dos custos operacionais do programa também foram acompanhadas de dados sobre a ampliação da infraestrutura necessária para suportar o novo ritmo de produção. Não foram divulgados detalhes sobre novos contratos ou parcerias industriais.
O C919 realizou seu primeiro voo comercial em maio de 2023 pela companhia aérea China Eastern Airlines. A empresa é, até o momento, a principal operadora do modelo, que já integra sua frota regular de voos domésticos.
A expectativa da Comac é expandir sua base de clientes no país e, posteriormente, buscar certificações internacionais que permitam a comercialização do modelo em outros mercados.
Com a previsão de aceleração no ritmo de fabricação, a Comac reforça sua estratégia de inserção no segmento de aviação comercial, ainda dominado globalmente pelos grupos norte-americano e europeu.
A consolidação da produção em larga escala do C919 depende também da capacidade de a empresa manter a cadeia de suprimentos em níveis adequados de fornecimento e qualidade. A conferência desta semana abordou aspectos logísticos e financeiros relacionados à operação da cadeia produtiva.
A empresa não apresentou novos prazos para o início das exportações do modelo nem informações sobre possíveis negociações com companhias aéreas fora da China.
A produção em larga escala do C919 é considerada um dos principais eixos do plano de longo prazo do governo chinês para fortalecer a indústria nacional de alta tecnologia. O desempenho do programa será acompanhado por autoridades do setor e agentes da aviação civil nos próximos anos.
Com informações da SCMP
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