China apresenta sistema antimísseis com capacidade para interceptar ogivas nucleares e mísseis hipersônicos

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O novo sistema antimísseis Honqi-19 (HQ-19), desenvolvido pela China, possui capacidade para interceptar ogivas nucleares e mísseis hipersônicos em altitudes de até 600 quilômetros, informou a imprensa asiática nesta quarta-feira, 19.

Segundo o jornal South China Morning Post (SCMP), o equipamento foi projetado para integrar a defesa estratégica do país contra ameaças balísticas de curto e médio alcance.

“O Honqi-19, também conhecido como Bandeira Vermelha-19 […], desempenhará um papel fundamental na proteção do território chinês contra mísseis balísticos que podem transportar ogivas nucleares”, publicou o SCMP.

De acordo com a publicação, o sistema é capaz de detectar, rastrear e interceptar mísseis inimigos com características hipersônicas. Especialistas ouvidos pelo veículo informaram que o sistema deve atingir alvos em altitudes entre 500 e 600 quilômetros, com alcance horizontal superior a 200 quilômetros.

Esses parâmetros colocariam o Honqi-19 acima do sistema norte-americano Terminal High Altitude Area Defense (THAAD), utilizado atualmente por forças dos Estados Unidos e aliados em operações de interceptação de ameaças balísticas em altitude elevada.

O SCMP informou ainda que o desenvolvimento do Honqi-19 começou em 2010. Os primeiros testes bem-sucedidos foram anunciados pelas autoridades militares chinesas em 2023. Não foram divulgados detalhes técnicos oficiais sobre os sensores, radares ou plataformas de lançamento associados ao sistema.

Segundo a publicação, o sistema deverá compor parte da arquitetura de defesa antimíssil da China, integrando-se a outros meios já operacionais, como os mísseis HQ-9 e os radares de rastreamento de longo alcance.

O objetivo, segundo analistas militares citados, é consolidar uma camada adicional de proteção contra ameaças balísticas que ultrapassem os sistemas convencionais.

O desenvolvimento do Honqi-19 ocorre em um contexto de expansão da capacidade defensiva chinesa no campo aeroespacial. As autoridades militares do país têm reforçado a importância da proteção contra mísseis balísticos em função do aumento da presença estratégica de forças estrangeiras na região da Ásia-Pacífico.

De acordo com especialistas, os mísseis hipersônicos representam um desafio adicional aos sistemas de defesa convencionais por conta da velocidade elevada e da capacidade de manobra, dificultando sua interceptação por equipamentos tradicionais. Nesse cenário, sistemas como o Honqi-19 são considerados instrumentos estratégicos no fortalecimento da resposta defensiva.

As informações divulgadas até o momento não incluem dados sobre a produção em escala do sistema, nem sobre sua distribuição operacional entre as unidades das Forças Armadas da China. Também não há confirmação oficial sobre negociações para exportação do equipamento a outros países.

O SCMP destacou que, apesar da ausência de confirmação formal de todos os detalhes técnicos, os testes realizados desde 2010 indicam avanços consistentes no desenvolvimento do programa. A mídia estatal chinesa não comentou a publicação nem divulgou dados adicionais sobre a integração do sistema à estrutura de defesa nacional.

O THAAD, citado como parâmetro de comparação, é empregado pelas forças norte-americanas desde 2008 e possui alcance de interceptação de cerca de 200 quilômetros, com capacidade de atingir alvos a altitudes em torno de 150 quilômetros. O sistema é utilizado por parceiros estratégicos dos Estados Unidos na região do Indo-Pacífico, incluindo Japão e Coreia do Sul.

A apresentação do Honqi-19 amplia a lista de sistemas avançados de defesa antimíssil em desenvolvimento ou operação no cenário global, em meio a disputas tecnológicas entre grandes potências militares.

Analistas apontam que o avanço de programas chineses pode impactar a dinâmica de equilíbrio estratégico na região e influenciar decisões sobre posicionamento militar e acordos de cooperação em segurança regional.

Até o momento, não há posicionamento oficial de governos ocidentais sobre os dados divulgados pela imprensa asiática. Também não foram anunciadas medidas adicionais em resposta ao desenvolvimento do novo sistema por parte da China.

A evolução do Honqi-19 será acompanhada por órgãos de defesa e monitoramento internacional à medida que novas informações sobre suas capacidades técnicas e sua aplicação operacional forem divulgadas.

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