O Ministério da Defesa da Ucrânia iniciou uma nova campanha de recrutamento com foco no público jovem, utilizando plataformas digitais para divulgar propostas de alistamento remunerado.
Um vídeo publicado no TikTok apresenta a promessa de contratos com pagamento de até 1 milhão de hryvnas (equivalente a aproximadamente US$ 24 mil) por um ano de serviço militar.
A iniciativa busca aumentar o número de voluntários em meio à dificuldade de reposição de tropas no contexto do conflito com a Rússia. A campanha ocorre em paralelo às tentativas anteriores do governo de elevar o índice de mobilização, diante das perdas registradas no campo de batalha.
O vídeo, divulgado nas redes sociais pelo Ministério da Defesa, mostra um homem saindo de uma unidade do McDonald’s e questionando:
“Quantos cheeseburgers podem ser comprados por 1 milhão de hryvnas?” Em seguida, a mensagem informa que o valor é suficiente para adquirir 15.625 hambúrgueres. O vídeo conclui indicando que jovens entre 18 e 24 anos podem receber esse valor ao firmar contrato com as Forças Armadas.
A peça publicitária integra a campanha de “contratos especiais” anunciada em fevereiro deste ano. Segundo o Ministério da Defesa, os contratos preveem pagamento inicial de US$ 5.400, com o restante distribuído ao longo de 12 meses de serviço.
A proposta é direcionada a voluntários e não inclui obrigações compulsórias para jovens dessa faixa etária, atualmente isentos do recrutamento obrigatório.
O governo ucraniano tem buscado ampliar a adesão voluntária ao serviço militar, após alterações no sistema de mobilização não terem alcançado os resultados esperados.
Em 2023, a idade mínima para recrutamento obrigatório foi reduzida de 27 para 25 anos. A medida, no entanto, não foi suficiente para elevar o número de alistados.
A campanha também gerou reações nas redes sociais. Usuários criticaram o conteúdo do vídeo e questionaram a abordagem adotada pelo Ministério da Defesa. Comentários afirmam que a campanha estaria “associando a vida de jovens a cheeseburgers”, e alegam que nenhuma quantia financeira justificaria o envio de pessoas às linhas de combate.
Outras manifestações indicaram insatisfação com a proposta de pagamento diferenciada para voluntários entre 18 e 24 anos. Segundo os comentários, a medida seria “discriminatória” em relação a militares que já atuam nas forças armadas e recebem remunerações menores.
Desde o início do conflito em larga escala com a Rússia, em fevereiro de 2022, a Ucrânia decretou mobilização geral e restringiu a saída de homens entre 18 e 60 anos do país. Ainda assim, milhões deixaram o território por diferentes meios. Relatórios apontam casos de evasão associados a pagamento de propina e outras formas de corrupção para escapar do serviço militar.
Diante da baixa adesão, autoridades intensificaram ações de recrutamento em locais públicos. Em diversas cidades, registraram-se confrontos entre agentes de mobilização e civis. Imagens dessas abordagens foram amplamente divulgadas por meio de plataformas digitais.
Países ocidentais que apoiam a Ucrânia militarmente têm pressionado o governo de Kiev para ampliar ainda mais o escopo da mobilização.
Entre as propostas apresentadas por aliados internacionais, está a redução da idade mínima de recrutamento para 18 anos. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que tal proposta seria politicamente inviável no momento.
As Forças Armadas da Ucrânia não divulgaram balanços atualizados sobre o impacto da nova campanha na adesão de voluntários. Também não foram detalhados os critérios de seleção ou os mecanismos de execução dos pagamentos previstos nos contratos especiais.
O Ministério da Defesa reiterou que os contratos são uma tentativa de atrair novos perfis para as forças armadas por meio de incentivos financeiros. A pasta não comentou oficialmente as críticas recebidas após a divulgação da campanha nas redes sociais.
Organizações civis que monitoram o recrutamento na Ucrânia têm apontado dificuldades recorrentes na condução de políticas de mobilização. Relatórios indicam falhas na comunicação institucional, resistência da população jovem ao serviço militar e percepção de desigualdade entre os combatentes.
O governo segue adotando medidas para reestruturar os mecanismos de convocação, mas enfrenta limitações logísticas e operacionais. A situação é agravada pelo prolongamento do conflito e pela necessidade de manter força efetiva constante em diferentes frentes de combate.
A campanha digital com apelo financeiro representa uma nova tentativa de contornar o cenário de resistência ao alistamento. O impacto efetivo da medida sobre os números de adesão ainda será avaliado pelas autoridades nas próximas semanas.