A operadora de planos de saúde Hapvida registrou lucro líquido ajustado de R$ 514,7 milhões no quarto trimestre de 2024, resultado que representa um avanço de 98,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Os dados constam no balanço financeiro divulgado pela companhia nesta quarta-feira (19).
O resultado superou a média das projeções de analistas de mercado, que estimavam lucro líquido ajustado de R$ 445,2 milhões para o período, segundo levantamento da LSEG.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado alcançou R$ 1 bilhão entre outubro e dezembro de 2024, crescimento de 19,4% em comparação com o mesmo intervalo de 2023. O desempenho ficou em linha com as expectativas do mercado, conforme indicaram os analistas consultados.
A receita líquida da Hapvida totalizou R$ 7,47 bilhões no trimestre, expansão de 7,8% na comparação anual. No segmento de planos de saúde, a receita cresceu 9%, enquanto os planos odontológicos registraram alta de 6,6%. Já a área de serviços médico-hospitalares apresentou queda de 17,5% no período, de acordo com o relatório financeiro da companhia.
A sinistralidade caixa no quarto trimestre foi de 67,9%, o que representa redução de 1,4 ponto percentual em relação à taxa registrada no mesmo período de 2023.
O indicador desconsidera contas médicas caixa, despesas com depreciação e amortização, provisão para eventos ocorridos e não avisados (Peona) e provisão para ressarcimento ao Sistema Único de Saúde (SUS).
A empresa também anunciou a retificação de seus saldos contábeis referentes ao período de 2016 a 2023.
A revisão contábil acompanha a divulgação da adesão da Hapvida a um acordo de liquidação parcial de valores relacionados a ressarcimentos ao SUS e multas aplicadas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Segundo a companhia, a medida visa atender às exigências regulatórias e concluir pendências relacionadas a obrigações acumuladas ao longo dos últimos anos.
Os termos do acordo não foram detalhados no comunicado, mas envolvem a revisão de valores devidos ao sistema público de saúde e a regularização de cobranças emitidas pela ANS.
O balanço indica ainda que a companhia mantém a trajetória de recuperação operacional iniciada em ciclos anteriores. A redução da sinistralidade, o controle de custos e o aumento da base de beneficiários em segmentos específicos são apontados como fatores que influenciaram o resultado do trimestre.
A Hapvida é uma das maiores operadoras de saúde suplementar do país, com atuação em diversos estados e portfólio que inclui planos médicos e odontológicos, além de rede própria de hospitais, clínicas e laboratórios. A empresa realizou fusão com o grupo NotreDame Intermédica em 2022, consolidando posição no mercado.
Apesar do resultado positivo no trimestre, a companhia não informou mudanças na projeção de investimentos ou novas metas para 2025.
As informações financeiras detalhadas foram apresentadas aos investidores e ao mercado em relatório enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
As ações da Hapvida registraram variações moderadas no pregão desta quarta-feira, com os investidores reagindo aos dados financeiros e ao anúncio do acordo com a ANS e o SUS.
O mercado acompanha de perto os desdobramentos relacionados à revisão contábil e à repercussão das medidas corretivas sobre os próximos resultados da empresa.
O desempenho no último trimestre de 2024 representa uma das maiores variações positivas nos resultados da companhia desde o início da fusão com a NotreDame Intermédica, reforçando a consolidação de sinergias operacionais e administrativas nos segmentos de saúde e odontologia.
A operadora informou que segue avaliando o cenário macroeconômico e regulatório para definir ajustes em sua estratégia comercial e na gestão da carteira de beneficiários. O relatório não indicou alterações relevantes no perfil da base de clientes ou na composição das receitas por região geográfica.
A companhia informou ainda que continuará com iniciativas voltadas ao aprimoramento da eficiência operacional e à digitalização de serviços, com foco em redução de custos e ampliação do acesso a atendimentos da rede própria.
O acordo com a ANS e o SUS é tratado pela companhia como etapa final de um processo de revisão de pendências regulatórias acumuladas, com impacto limitado sobre os resultados operacionais, conforme nota enviada ao mercado.
A conclusão da revisão contábil e a adesão ao acordo devem ser consideradas no processo de análise dos próximos balanços trimestrais da operadora, segundo analistas do setor.
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