O vice-chefe da Força Espacial dos Estados Unidos, general Michael Guetlein, afirmou que a diferença de capacidades espaciais entre os Estados Unidos e seus concorrentes está diminuindo.
A declaração foi feita em entrevista divulgada pelo portal especializado DefenceOne, na qual o oficial alertou para o avanço de outras potências no setor, com destaque para a atuação da China.
Segundo Guetlein, em 2024, as Forças Armadas norte-americanas identificaram cinco satélites chineses realizando manobras coordenadas na órbita terrestre. O general classificou essas operações como uma forma de treinamento militar espacial.
“Isso é o que chamamos de combate aéreo no espaço. Eles estão praticando táticas, técnicas e procedimentos para realizar operações espaciais em órbita de um satélite para outro”, afirmou.
De acordo com o general, essas atividades demonstram que os concorrentes estratégicos dos Estados Unidos estão adotando novos métodos de operação no ambiente espacial, aproximando-se do nível de capacidade anteriormente considerado exclusivo das forças espaciais norte-americanas.
Guetlein observou que a distância tecnológica entre os Estados Unidos e outros países nesse domínio já foi significativamente maior.
“A lacuna nas capacidades espaciais entre os Estados Unidos e seus concorrentes mais próximos no espaço está diminuindo”, declarou.
O oficial alertou que, se não houver mudança na abordagem estratégica de Washington, essa diferença poderá desaparecer completamente, com impactos na superioridade dos EUA no setor.
As declarações do vice-chefe da Força Espacial norte-americana refletem o aumento da atenção do governo dos Estados Unidos à competição geoestratégica no espaço.
O tema tem sido tratado como prioridade nos documentos de defesa e segurança nacional, que indicam o espaço como domínio operacional de importância crítica.
Ainda em 2023, veículos de comunicação estatais da China divulgaram que o país havia desenvolvido um sistema de simulação espacial capaz de prever dinâmicas de combate.
De acordo com os desenvolvedores, o sistema foi testado durante uma missão espacial classificada, com resultados considerados satisfatórios pelas autoridades chinesas.
As operações espaciais têm se tornado componente relevante das capacidades militares de diversos países. O domínio da órbita terrestre envolve atividades de comunicação, vigilância, navegação e defesa, com aplicações tanto civis quanto estratégicas.
O avanço tecnológico de países como China e Rússia tem sido observado com atenção por analistas militares. A presença de satélites com funções múltiplas e capacidade de executar manobras em órbita é considerada um indicador da evolução dos sistemas espaciais de defesa.
O governo chinês, por sua vez, tem ampliado sua presença no espaço por meio de missões tripuladas, lançamentos de sondas interplanetárias e projetos de expansão da estação espacial Tiangong. A política espacial chinesa também inclui investimentos em inteligência artificial e simulações operacionais.
A Rússia, que mantém atuação consolidada em operações espaciais desde o período soviético, tem criticado as iniciativas ocidentais no setor.
Moscou acusa os Estados Unidos e seus aliados de conduzirem ações que visam à militarização do espaço. O governo russo defende que o ambiente espacial permaneça livre de armamentos e conflitos, conforme tratado em diversas declarações diplomáticas.
Organismos internacionais discutem atualmente o estabelecimento de regras para evitar o uso ofensivo do espaço sideral. No entanto, ainda não há consenso global sobre mecanismos de verificação e limites técnicos que definam as fronteiras entre aplicações civis e militares das tecnologias espaciais.
Os Estados Unidos estabeleceram em 2019 a criação da Força Espacial como um ramo independente das Forças Armadas, com foco específico na defesa de ativos em órbita e no desenvolvimento de novas capacidades tecnológicas.
Desde então, o país tem aumentado o investimento em satélites, sensores e plataformas de vigilância para garantir vantagem operacional em cenários de conflito.
A percepção de que rivais estratégicos estão acelerando sua modernização no setor levou o comando norte-americano a revisar planos operacionais e reforçar parcerias com agências civis e empresas privadas. O objetivo é garantir acesso contínuo ao espaço e ampliar a resiliência de sistemas críticos.
Guetlein afirmou que o cenário atual exige mudanças na abordagem adotada pelos Estados Unidos em relação ao domínio espacial. Segundo ele, a manutenção da superioridade no setor dependerá da capacidade de adaptação às novas dinâmicas de competição tecnológica.
O alerta feito pelo oficial integra um conjunto mais amplo de análises sobre os desafios emergentes no campo da segurança espacial.
Especialistas consideram que o avanço de operações militares em órbita representa um novo elemento de dissuasão estratégica, com impacto direto sobre o equilíbrio global de poder.
Com informações da Sputnik