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Estudo revela quando a China pode perder liderança global na produção de terras raras

A participação da China no fornecimento global de terras raras pode sofrer uma redução significativa nas próximas décadas, segundo estudo divulgado por pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências (CAS). A projeção indica que o país poderá perder sua posição dominante na indústria global de matérias-primas essenciais para setores de alta tecnologia e transição energética. O […]

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REPRODUÇÃO

A participação da China no fornecimento global de terras raras pode sofrer uma redução significativa nas próximas décadas, segundo estudo divulgado por pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências (CAS).

A projeção indica que o país poderá perder sua posição dominante na indústria global de matérias-primas essenciais para setores de alta tecnologia e transição energética.

O estudo foi publicado na última semana no periódico científico Chinese Rare Earths e conduzido por cientistas da Academia de Inovação CAS Ganjiang, localizada em Ganzhou, província de Jiangxi, um dos principais polos de produção de metais estratégicos da China.

De acordo com a análise, a participação chinesa no fornecimento global de terras raras, atualmente estimada em 62%, pode cair para 28% até 2035. A previsão aponta ainda uma redução adicional para 23% até 2040, diante da expansão da mineração em outras regiões do mundo.

A projeção foi obtida a partir de modelos de simulação que consideram a entrada em operação de novas fontes de produção em países da África, América do Sul e Austrália.

O estudo afirma que, com esse cenário, a China poderá “perder completamente sua antiga posição dominante”, à medida que outras nações passam a ocupar espaço relevante no mercado internacional.

O relatório afirma que “mudanças fundamentais” estão em curso no setor, com potencial para reconfigurar o panorama da indústria global de terras raras.

As conclusões consideram o avanço de projetos de mineração fora do território chinês, que podem reduzir a dependência internacional do fornecimento chinês dessas matérias-primas.

As terras raras são compostos químicos utilizados em tecnologias como turbinas eólicas, veículos elétricos, baterias, componentes eletrônicos e sistemas de defesa. A importância estratégica desses elementos tem motivado iniciativas em diversas regiões para ampliar a capacidade de extração e processamento.

O estudo também aborda os riscos à liderança da China na produção de terras raras pesadas, tradicionalmente concentrada no sul do país, especialmente em depósitos de argilas de adsorção de íons.

Os pesquisadores destacam que projetos como o de Kvanefjeld, na Groenlândia, e empreendimentos em desenvolvimento na América do Sul podem ameaçar essa posição.

Segundo o relatório, esses novos polos de produção possuem potencial para suprir parte significativa da demanda global, contribuindo para a diversificação da cadeia de fornecimento.

Os autores argumentam que a descentralização da produção poderá alterar a configuração geopolítica do setor e reduzir a concentração de mercado nas mãos de um único país.

A análise da Academia Chinesa de Ciências ocorre em um contexto de crescente atenção internacional sobre a segurança no fornecimento de insumos críticos.

Diversos países têm implementado políticas para garantir acesso a matérias-primas estratégicas e diminuir a dependência de importações concentradas.

Nos últimos anos, iniciativas de incentivo à mineração e ao processamento de terras raras foram lançadas por governos de países como Estados Unidos, Austrália e membros da União Europeia.

O objetivo é fortalecer cadeias internas de suprimento e promover maior autonomia industrial em setores considerados estratégicos.

A China foi responsável, por décadas, por mais de 80% da produção global de terras raras. Além da extração, o país lidera etapas de refino e separação dos elementos, componentes essenciais para viabilizar sua aplicação industrial.

Com a possível redução dessa participação, o mercado poderá passar por mudanças estruturais nos fluxos comerciais e na formação de preços. A diversificação das fontes de fornecimento pode impactar as políticas comerciais e industriais dos principais consumidores dessas matérias-primas.

O estudo da CAS alerta que a resposta da China a esse cenário deverá considerar o fortalecimento da inovação tecnológica no setor e a ampliação da cadeia de valor doméstica.

Os pesquisadores apontam a necessidade de desenvolver capacidades industriais avançadas em estágios como reciclagem, reutilização e processamento de alto valor agregado.

O relatório também menciona o papel crescente de investimentos estrangeiros em regiões com potencial mineral ainda pouco explorado. O avanço dessas iniciativas pode acelerar a reconfiguração da oferta global de terras raras nos próximos anos.

As projeções do estudo serão acompanhadas por especialistas do setor, diante do impacto direto sobre cadeias produtivas de setores como energia renovável, mobilidade elétrica, indústria eletrônica e tecnologias de defesa.

A publicação integra o esforço de monitoramento da indústria realizado pela CAS, em colaboração com centros de pesquisa e instituições governamentais.

O conteúdo contribui para o debate sobre estratégias de segurança mineral e políticas de desenvolvimento industrial em um cenário de transformação global da matriz energética e digital.

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