O ex-estrategista da Casa Branca, Steve Bannon, declarou que o ex-presidente Donald Trump poderá tentar concorrer novamente à presidência dos Estados Unidos em 2028, apesar da limitação constitucional que impede um terceiro mandato.
A afirmação foi feita em entrevista ao jornalista Chris Cuomo, da emissora NewsNation, na quarta-feira, 13, e foi divulgada pelo site RT.
“Sou um firme defensor da ideia de que o presidente Trump concorrerá novamente em 2028. Eu já o endossei. Um homem como ele surge uma vez a cada século, se tivermos sorte. Ele está em chamas e sou um grande apoiador. Quero vê-lo novamente em 2028”, afirmou Bannon.
A Constituição dos Estados Unidos, por meio da 22ª Emenda, estabelece que “nenhuma pessoa será eleita para o cargo de presidente mais de duas vezes”. A regra foi adotada após a presidência de Franklin D. Roosevelt, que governou o país por quatro mandatos consecutivos.
Questionado sobre como Trump poderia se candidatar novamente, Bannon não forneceu detalhes. “Estamos trabalhando nisso”, disse. Segundo ele, há “algumas alternativas” sendo consideradas. “Temos muitas coisas em andamento”, acrescentou.
Durante a entrevista, Bannon negou que estivesse defendendo ações fora da legalidade. “Não. Somos grandes defensores da democracia”, afirmou. Ele declarou que a estratégia para viabilizar uma nova candidatura de Trump passa pela mobilização de eleitores.
“Vamos mobilizar a base de Trump, especialmente os eleitores que votam com menos frequência e os chamados eleitores de baixa informação”, disse.
Trump já fez declarações públicas que sugerem interesse em ultrapassar os limites constitucionais. Em janeiro deste ano, durante comício em Nevada, afirmou: “Seria a maior honra da minha vida servir, não apenas uma, mas duas, três ou quatro vezes”.
O debate sobre uma possível mudança na legislação foi retomado no início de 2024, quando o congressista republicano Andy Ogles apresentou uma proposta de emenda à Constituição para permitir que presidentes que não tenham cumprido dois mandatos consecutivos possam disputar um terceiro.
Na justificativa, Ogles afirmou que “é imperativo que forneçamos ao presidente Trump todos os recursos necessários para corrigir o curso desastroso estabelecido pelo governo Biden”.
Trump foi eleito presidente em 2016, vencendo a ex-secretária de Estado Hillary Clinton. Em 2020, tentou a reeleição, mas foi derrotado por Joe Biden. Em 2024, foi novamente eleito ao vencer a então vice-presidente Kamala Harris.
A 22ª Emenda da Constituição norte-americana foi aprovada pelo Congresso em 1947 e ratificada pelos estados em 1951. A medida foi uma reação à presidência de Roosevelt, único chefe do Executivo a cumprir mais de dois mandatos nos Estados Unidos. Desde então, o limite passou a ser aplicado a todos os presidentes.
A proposta de Ogles ainda precisa tramitar no Congresso e ser ratificada por três quartos dos estados, conforme o processo legal previsto para alterações constitucionais. Até o momento, não há sinalização de apoio majoritário à medida no Legislativo federal.
As declarações de Bannon ocorrem em um contexto de mobilização política em torno do próximo mandato de Trump. Grupos aliados ao ex-presidente têm intensificado ações voltadas à estruturação de base eleitoral e fortalecimento da presença do ex-mandatário no cenário político nacional.
Durante a entrevista, Bannon não apresentou cronograma ou detalhes sobre eventuais caminhos jurídicos para viabilizar uma nova candidatura. Também não foram mencionadas articulações legislativas específicas além da proposta de emenda apresentada por Ogles.
A declaração de que “estamos trabalhando nisso” gerou reações em setores políticos e jurídicos. Representantes da oposição e especialistas em direito constitucional destacaram os obstáculos legais para alterações na 22ª Emenda e as implicações políticas de tentativas de estender os limites do mandato presidencial.
A legislação vigente estabelece que, independentemente da ordem dos mandatos, nenhum indivíduo pode ser eleito presidente mais de duas vezes. O texto constitucional também impede que alguém que tenha ocupado o cargo por mais de dois anos em substituição a outro presidente seja eleito mais de uma vez.
Nos Estados Unidos, emendas constitucionais demandam aprovação por dois terços da Câmara dos Representantes e do Senado, além da ratificação de pelo menos 38 dos 50 estados. O processo, considerado complexo, tem histórico de baixa taxa de sucesso.
As discussões sobre a permanência de Trump no cenário político após o atual mandato seguem sendo tema de debate entre lideranças republicanas e democratas. Parte da base aliada defende a continuidade da influência política do ex-presidente, enquanto opositores alertam para riscos institucionais diante de propostas que questionam os limites estabelecidos pela Constituição.
Até o momento, o ex-presidente não confirmou formalmente qualquer intenção de disputar a presidência após 2028. No entanto, aliados próximos mantêm a possibilidade como pauta em articulações políticas em curso.
Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!