Protecionismo de Trump gera crise e ameaça crescimento mundial

Tarifas de Trump levam o comércio global ao caos e retrocesso / AFP

Tarifas de 25% sobre aço e alumínio provocam reações globais e ameaçam a economia, enquanto os EUA insistem em medidas protecionistas


Na última quarta-feira (12), a Organização Mundial do Comércio (OMC) alertou que, embora o comércio global de bens tenha se mantido estável no quarto trimestre de 2024 e apresente perspectivas de crescimento nos primeiros meses de 2025, a incerteza política e a possibilidade de novas tarifas podem comprometer o desempenho comercial no médio prazo. O aviso surge em um momento delicado, em que os Estados Unidos têm adotado medidas protecionistas que geram instabilidade no cenário econômico internacional.

Segundo o Global Times, os EUA vêm “semeando o caos no comércio global”. Nas últimas semanas, o governo norte-americano intensificou a pressão com ameaças de tarifas. Na quarta-feira, uma medida concreta foi implementada: a imposição de uma tarifa de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio.

A decisão causou impacto imediato na economia global, gerando reações em cadeia. Horas após a entrada em vigor das tarifas, o presidente dos EUA ameaçou ampliar a guerra comercial com novos impostos sobre produtos da União Europeia (UE).

Em resposta, os principais parceiros comerciais dos EUA anunciaram planos de retaliação, conforme relatado pela Reuters.

Esses desdobramentos não apenas elevaram as tensões comerciais, mas também colocaram o mundo à beira de uma guerra tarifária de grandes proporções, com potencial para afetar toda a economia global.

As consequências de um conflito desse tipo podem ser profundas, incluindo desestabilização dos mercados internacionais, rupturas nas cadeias de suprimentos e aumento de preços para os consumidores, o que, por sua vez, pode frear o crescimento econômico.

O cerne do problema está no aumento dos custos comerciais. Tarifas mais altas elevam diretamente os preços dos produtos importados, reduzindo a competitividade das empresas e, consequentemente, limitando a expansão do comércio global. A história recente já demonstrou os efeitos negativos desse tipo de medida.

De acordo com estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI), as tensões comerciais entre EUA e China, iniciadas em 2018, reduziram o crescimento econômico global para 3% em 2019, o menor índice desde a crise financeira de 2008.

Desta vez, a guerra tarifária envolve um número maior de países, ampliando os riscos de uma recessão global. A incerteza em torno das políticas comerciais e a escalada de tarifas já estão minando a confiança de empresas e consumidores, resultando em queda simultânea nos investimentos e no consumo.

Conforme alertaram especialistas à Reuters, a política tarifária dos EUA está gerando um “efeito assustador” em diversos setores, com consumidores reduzindo gastos em itens que vão desde produtos básicos até viagens.

A estratégia dos EUA é baseada em uma “mentalidade de soma zero”, na qual se acredita que os ganhos econômicos de um país devem ocorrer às custas de outros. No entanto, em um mundo profundamente interconectado pela globalização, essa visão está desalinhada com a realidade.

As cadeias de suprimentos globais são altamente integradas, e qualquer tentativa de manipular tarifas tende a ter efeitos contrários aos esperados. Nesse contexto, ninguém sai vitorioso de uma guerra tarifária. Ao perturbar a estabilidade das cadeias globais, os EUA podem acabar pagando um preço alto em termos de economia e empregos.

Um exemplo claro disso é a estimativa do Peterson Institute for International Economics, que apontou que as tarifas sobre aço e alumínio impostas em 2018, embora tenham protegido empregos no setor siderúrgico dos EUA, resultaram na perda de um número ainda maior de postos de trabalho em indústrias dependentes desses insumos, gerando um saldo negativo no emprego.

Além disso, a política tarifária dos EUA não tem alcançado o objetivo de proteger as indústrias nacionais. Pelo contrário, tem desencadeado retaliações em escala global, aumentando a volatilidade das cadeias de suprimentos. A principal razão para as contramedidas adotadas por outros países é o impacto negativo sobre seus interesses econômicos.

Quando os EUA impõem tarifas unilateralmente, desequilibram o comércio justo, restringindo o acesso de diversas economias ao seu mercado e prejudicando seus esforços legítimos de desenvolvimento por meio do comércio internacional. Para defender a justiça do sistema global e proteger seu direito ao desenvolvimento, esses países se veem obrigados a retaliar.

Em resumo, a guerra tarifária iniciada pelos EUA evidencia que, em um mundo cada vez mais globalizado, o desenvolvimento de um país não pode ser sustentado às custas do sacrifício de outros.

A verdadeira prosperidade depende da abertura, da cooperação e da construção de um sistema de comércio internacional mutuamente benéfico.

Rhyan de Meira: Rhyan de Meira é estudante de jornalismo na Universidade Federal Fluminense. Ele está participando de uma pesquisa sobre a ditadura militar, escreve sobre política, economia, é apaixonado por samba e faz a cobertura do carnaval carioca. Instagram: @rhyandemeira
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