A cidade de Maricá, no estado do Rio de Janeiro, será sede do primeiro Centro de Protonterapia do Brasil. O anúncio foi feito pelo prefeito Washington Quaquá (PT), que formalizou a criação do projeto em parceria com instituições nacionais e internacionais.
O equipamento será destinado ao tratamento oncológico e oferecerá atendimento gratuito por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
O centro utilizará a tecnologia de feixes de prótons no combate ao câncer. A técnica permite maior precisão na destruição de tumores, com menor impacto sobre tecidos saudáveis, em comparação à radioterapia convencional. Será a primeira unidade no país a utilizar esse tipo de tratamento em pacientes da rede pública.
A estrutura será implementada com base em cooperação técnica com o Centro de Tratamento de Prótons de Madri, na Espanha, referência internacional na área.
“Somos pioneiros em várias iniciativas e também seremos neste tratamento, fundamental para pacientes que enfrentam essa doença cruel. Essa inovação colocará Maricá no mapa do ‘Turismo de Saúde’, transformando nosso município em referência nacional”, declarou Quaquá.
O projeto foi oficializado em 18 de março, por meio de um acordo entre a Prefeitura de Maricá e a Fundação Educacional Severino Sombra (FUSVE), entidade mantenedora da Universidade de Vassouras. A instituição já mantém um memorando de entendimento com o grupo Quirónsalud, responsável pelo centro de referência em Madri.
O protocolo de intenções estabelece que a construção da infraestrutura será de responsabilidade da prefeitura. A articulação com o Governo Federal visa integrar o serviço ao SUS.
A operação do centro será conduzida pelo Hospital Mário Kroeff, instituição filantrópica com mais de oito décadas de atuação em oncologia.
O secretário municipal de Saúde, Marcelo Velho, participou da visita técnica ao centro espanhol e destacou a relevância do projeto, especialmente para o tratamento de pacientes pediátricos.
“Sabemos que a luta contra o câncer avança com inovações em radioterapia e biologia molecular. O Centro de Protonterapia de Maricá representará uma revolução na oncologia no Brasil”, afirmou.
A estrutura do centro será composta por serviços ambulatoriais e diagnósticos complementares. Estão previstos atendimentos de quimioterapia, radioterapia convencional, exames de imagem como PET-CT, tomografia computadorizada, mamografia, endoscopia e colonoscopia.
De acordo com Gustavo Oliveira do Amaral, presidente da FUSVE, o projeto incluirá ainda um núcleo de medicina nuclear e pesquisa.
“O próton será o protagonista, mas teremos um complexo de medicina nuclear, diagnóstico avançado e pesquisas. A Universidade de Vassouras se insere no projeto também no campo acadêmico, essencial para o desenvolvimento desse centro”, afirmou.
A diretora-geral da Universidade de Vassouras, Denise Cardim, destacou o impacto da iniciativa na formação dos estudantes de Medicina vinculados ao programa Passaporte Universitário, financiado pela Prefeitura de Maricá.
“Este é um marco que revoluciona nosso curso de Medicina. Nossos estudantes terão acesso a um centro de pesquisa de ponta e uma oportunidade única de aprendizado”, disse.
O Grupo Quirónsalud prestará apoio técnico ao projeto e será responsável pelo treinamento dos profissionais brasileiros que atuarão na unidade. A parceria inclui transferência de tecnologia e protocolos clínicos.
A protonterapia é considerada uma modalidade avançada de radioterapia. Sua principal característica é a aplicação direcionada de radiação por meio de prótons, reduzindo a exposição de tecidos saudáveis e diminuindo riscos de efeitos colaterais. A técnica é indicada, principalmente, em casos de câncer infantil e tumores localizados próximos a estruturas sensíveis.
Estudos científicos demonstram que a tecnologia contribui para a redução de complicações pós-tratamento e melhora a qualidade de vida dos pacientes.
A expectativa dos gestores é de que a nova unidade contribua para reduzir a demanda por internações prolongadas e tratamentos de suporte, gerando economia ao sistema público de saúde.
A implantação do centro também é vista como uma estratégia de fortalecimento da rede pública de oncologia e expansão da capacidade de atendimento a pacientes de diferentes regiões do país. A previsão é que a estrutura possa atrair pacientes de outras unidades federativas e países da América Latina.
Durante a visita técnica ao centro de Madri, a comitiva brasileira contou com a presença do pesquisador Fidel António Castro, doutor em Biologia, especializado em Biologia Molecular e Ciências Físicas. “O Brasil ter seu primeiro centro de protonterapia é um avanço crucial para a ciência e para todos os brasileiros”, afirmou.
A administração municipal ainda não divulgou o cronograma completo para a construção e início da operação do centro, mas informou que os próximos passos incluem a definição de licenciamento, aquisição de equipamentos e capacitação das equipes técnicas.
Com a iniciativa, Maricá amplia sua atuação na área da saúde pública e busca posicionar-se como polo de inovação científica e tecnológica na medicina oncológica.
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