O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que o Irã será responsabilizado diretamente por qualquer novo ataque lançado pelas forças armadas lideradas pela Ansarallah, do Iêmen, contra navios norte-americanos e israelenses no Mar Vermelho. A afirmação foi feita neste domingo (17) por meio de publicação na plataforma Truth Social.
“Cada tiro disparado pelos Houthis será visto, deste ponto em diante, como um tiro disparado pelas armas e pela liderança do IRÃ, e o IRÃ será responsabilizado e sofrerá as consequências, e essas consequências serão terríveis!”, escreveu Trump.
As declarações ocorrem após ataques das Forças Armadas do Iêmen (YAF) ao porta-aviões USS Harry Truman, da Marinha dos Estados Unidos. Segundo comunicado da YAF, o navio foi alvo de mísseis balísticos, mísseis de cruzeiro e veículos aéreos não tripulados em duas ocasiões distintas ao longo de 24 horas.
“Pela segunda vez em 24 horas, o porta-aviões americano USS Harry Truman foi alvo no norte do Mar Vermelho de vários mísseis balísticos e de cruzeiro e drones em um confronto que durou várias horas”, informou o comunicado das forças iemenitas, divulgado no início de 17 de março.
O grupo Ansarallah, que lidera as forças armadas do Iêmen, intensificou suas ações na região nos últimos meses. Segundo Mohammad Ali al-Houthi, membro do Conselho Político Supremo do Iêmen, as operações militares do grupo já se estendem ao Mar Mediterrâneo, ao Oceano Índico, ao Mar Arábico e ao Mar Vermelho, além de atingirem a cidade de Tel Aviv.
“Não temos teto ou linhas vermelhas enquanto nosso povo estiver sendo bombardeado e o genocídio israelense continuar contra o povo de Gaza”, afirmou al-Houthi ao canal Al Mayadeen.
Os ataques da YAF ocorreram em resposta ao lançamento de uma operação militar pelos Estados Unidos no sábado (16), com o objetivo de eliminar lideranças da Ansarallah e responsabilizar o Irã pelo apoio logístico e operacional ao grupo iemenita.
Durante a ofensiva, forças aéreas dos Estados Unidos e do Reino Unido realizaram bombardeios em áreas controladas pelos Houthis no Iêmen.
De acordo com o Ministério da Saúde de Sanaa, os ataques deixaram 31 mortos, a maioria mulheres e crianças, e causaram ferimentos em outras 101 pessoas. As informações foram divulgadas pelo porta-voz do ministério, Anees al-Asbahi.
Em declarações à imprensa norte-americana, o conselheiro de Segurança Nacional de Trump, Mike Waltz, afirmou que os ataques buscaram atingir diretamente a liderança do movimento iemenita.
“Esta foi uma resposta avassaladora que realmente teve como alvo vários líderes Houthi [Ansarallah] e os eliminou”, disse Waltz durante entrevista ao programa “This Week”, da rede ABC.
O governo dos Estados Unidos tem associado os ataques da Ansarallah a um apoio direto do Irã, embora Teerã negue envolvimento operacional nas ações. As acusações fazem parte de uma estratégia mais ampla de contenção regional adotada por Washington.
O enviado especial dos Estados Unidos para o Oriente Médio, Steve Witkoff, afirmou que os ataques conduzidos pelos Estados Unidos no fim de semana devem ser interpretados como um aviso também ao Hamas. Segundo ele, a resposta militar tem como objetivo pressionar o grupo palestino nas negociações por um cessar-fogo em Gaza.
“O que aconteceu com os Houthis ontem, o que aconteceu com nosso ataque deve informar onde estamos em relação ao terrorismo e nosso nível de tolerância para ações terroristas”, disse Witkoff em entrevista à CNN. “Eu encorajaria o Hamas a se tornar muito mais sensato do que tem sido.”
Os ataques no Mar Vermelho ocorrem em meio ao aumento das tensões entre forças dos Estados Unidos e grupos armados alinhados ao eixo Irã-Hamas-Ansarallah, em um contexto de conflito prolongado envolvendo Israel e a Faixa de Gaza.
Até o momento, o Departamento de Estado norte-americano não emitiu posicionamento adicional sobre as declarações de Trump nem sobre os próximos passos da operação militar iniciada no Iêmen. Também não foram divulgados novos dados oficiais sobre os danos causados ao porta-aviões USS Harry Truman.
A situação no Mar Vermelho permanece sob monitoramento das forças armadas dos Estados Unidos e seus aliados. A movimentação naval e aérea segue intensa na região, com reforço de unidades de vigilância e defesa antiaérea.
O impacto diplomático das declarações de Trump e das operações militares ainda será avaliado nos fóruns multilaterais. A possibilidade de escalada regional, com envolvimento direto do Irã em novas ações militares, permanece como fator de instabilidade no Oriente Médio nos próximos meses.
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