O presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, teria comunicado ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, que ele não assumiria a presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados. Segundo fontes internas do partido e do Supremo Tribunal Federal (STF), a decisão teria sido tomada com o objetivo de evitar tensões adicionais com o Judiciário, consideradas prejudiciais tanto para Eduardo quanto para o PL.
A conversa entre Valdemar e Eduardo teria ocorrido no último domingo (16), dias antes da decisão de Eduardo Bolsonaro de anunciar uma licença do mandato parlamentar e viajar para os Estados Unidos. A versão que circula dentro do PL é que Valdemar avaliou que seria um momento inadequado para entrar em conflito direto com o STF. A decisão, assim, visaria distensionar as relações entre o partido e o Judiciário, especialmente num momento em que Valdemar Costa Neto busca um ambiente de maior diálogo com ministros do Supremo.
A mudança repentina surpreendeu parlamentares e membros da Câmara dos Deputados. Até a última quinta-feira (13), a indicação de Eduardo para presidir a Comissão de Relações Exteriores era dada como certa. A alteração brusca de posição teria deixado Eduardo Bolsonaro sem discurso político adequado para explicar publicamente a perda do cargo, o que, segundo integrantes do STF, o teria motivado a pedir licença e sair do país.
Eduardo Bolsonaro, entretanto, divulgou uma versão diferente, alegando ser vítima de perseguição política, especialmente do ministro do STF Alexandre de Moraes. O parlamentar afirma que sua licença parlamentar para permanecer nos EUA está diretamente ligada ao risco de prisão injusta e perseguições por parte do Judiciário brasileiro.
A assessoria do presidente do PL negou enfaticamente a versão de que Valdemar Costa Neto tenha impedido Eduardo Bolsonaro de assumir a presidência da comissão. Em nota oficial, Valdemar disse que nunca tratou desse assunto diretamente com Eduardo e sustentou que sua indicação era certa. A nota ainda menciona que, embora Valdemar não se recorde exatamente da data da última conversa com Eduardo Bolsonaro, o diálogo teria envolvido apenas questões sobre uma vereadora de São Paulo.
No contexto político mais amplo, a postura adotada por Valdemar Costa Neto é vista como uma tentativa de apaziguar tensões com o Supremo Tribunal Federal. Essa estratégia ficou evidente quando Valdemar não foi incluído na denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em relação aos ataques às sedes dos poderes em 8 de janeiro de 2023, evento associado à tentativa de golpe de Estado contra o governo do presidente Lula.
Diante dessas circunstâncias, as versões divergentes expõem uma crise interna no PL, envolvendo estratégias políticas diferentes entre Eduardo Bolsonaro, que insiste em manter um confronto aberto com o STF, e Valdemar Costa Neto, que busca preservar relações institucionais menos conflituosas. Eduardo Bolsonaro, por outro lado, continua justificando sua estadia nos Estados Unidos como essencial para denunciar internacionalmente supostos abusos cometidos pelo Judiciário brasileiro, especialmente por Alexandre de Moraes.
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