O Comando do Teatro Leste de Operações do Exército de Libertação Popular (ELP) da China afirmou estar preparado para responder a qualquer tentativa de comprometer a unidade nacional, segundo declarações do comandante Lin Xiangyang durante um simpósio realizado em Pequim na sexta-feira (14), por ocasião do 20º aniversário da Lei Anti-Secessão.
De acordo com Lin, o ELP está “pronto para lutar a qualquer momento e capaz de lutar a qualquer momento”, em referência a possíveis movimentos de independência de Taiwan. A fala ocorreu em meio a crescente tensão no estreito de Taiwan e a uma série de demonstrações militares promovidas pelo governo chinês.
O comandante declarou que o Exército mantém vigilância constante e tem adotado medidas para garantir a soberania, segurança e os interesses nacionais. Segundo ele, qualquer tentativa de separação será enfrentada com ação direta por parte das forças armadas chinesas.
“As forças do Comando do Teatro Leste estão preparadas para esmagar qualquer tentativa de dividir a China e estão comprometidas com a proteção da soberania e da integridade territorial do país”, afirmou Lin Xiangyang, segundo publicação do jornal estatal China Daily.
O evento marcou duas décadas da promulgação da Lei Anti-Secessão, aprovada em 2005 pelo Congresso Nacional do Povo da China, que estabelece a base legal para a ação militar contra movimentos separatistas. A legislação autoriza o uso de “meios não pacíficos” caso ocorra uma tentativa de separação formal de Taiwan do território chinês.
No discurso, Lin criticou a atuação de grupos pró-independência em Taiwan e mencionou a influência de potências estrangeiras nas tensões regionais.
“Se os separatistas da ‘independência de Taiwan’ persistirem em seu curso e até mesmo tomarem ações imprudentes, e se forças externas insistirem em criar tensão e tumultos através do estreito de Taiwan, o ELP, junto com o povo de todo o país, incluindo o povo de Taiwan, tomará todas as medidas necessárias para dissuadi-los e esmagá-los”, declarou.
O comandante também afirmou que os preparativos militares seguem sendo intensificados, com foco na modernização das forças armadas e na ampliação da capacidade operacional.
De acordo com ele, os exercícios conjuntos foram reforçados e as tropas têm sido treinadas com foco em cenários de combate real. “Estamos criando meios mais confiáveis e capacidades mais fortes para fazer preparativos militares completos e sólidos a fim de facilitar a reunificação completa da pátria”, afirmou.
Nos últimos anos, a China tem investido na atualização de equipamentos militares, incluindo sistemas de mísseis, aeronaves e capacidades navais. O Exército tem incorporado armamentos classificados como de padrão internacional e ampliado sua presença em áreas estratégicas próximas ao estreito de Taiwan.
As declarações ocorrem em um contexto de tensões políticas e militares crescentes entre Pequim e Taipei, com exercícios militares chineses frequentemente realizados nas proximidades da ilha.
Autoridades chinesas consideram Taiwan parte inalienável do território nacional e rejeitam qualquer iniciativa internacional que reconheça o governo taiwanês como independente.
O governo chinês também tem se manifestado de forma contrária à aproximação de Taiwan com países ocidentais. Nos últimos meses, Pequim protestou contra visitas de autoridades estrangeiras à ilha e contra acordos de cooperação assinados com o governo local.
Analistas observam que o discurso de Lin Xiangyang reforça a posição oficial de Pequim sobre a questão taiwanesa e sinaliza continuidade na estratégia de pressão militar e diplomática. A política adotada pelo governo central inclui, além da presença militar, ações voltadas à integração econômica e ao isolamento político de Taiwan no cenário internacional.
O simpósio realizado em Pequim reuniu representantes civis e militares para discutir o papel da Lei Anti-Secessão e reafirmar o compromisso do Estado chinês com a reunificação territorial. A legislação continua sendo apontada como instrumento legal central na formulação das diretrizes de segurança nacional voltadas à questão de Taiwan.
As tensões no estreito têm sido acompanhadas por observadores internacionais, que destacam os riscos de escalada militar na região. A presença de forças navais estrangeiras, exercícios conjuntos com aliados ocidentais e movimentações diplomáticas em torno de Taiwan têm ampliado o monitoramento sobre o equilíbrio geopolítico no leste asiático.
Até o momento, não houve reação oficial por parte das autoridades de Taiwan às declarações feitas durante o evento em Pequim. A ilha mantém postura de defesa de sua autonomia administrativa e política, enquanto reforça laços estratégicos com parceiros internacionais.
O governo chinês, por sua vez, reafirma que o processo de reunificação deve ocorrer sob a liderança de Pequim, com base no princípio de “uma só China”, reconhecido por diversos países e instituições multilaterais.