Copom inicia reunião com expectativa de elevação da Selic para 14,25% ao ano

AGÊNCIA BRASIL

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central iniciou nesta terça-feira, 18, a primeira sessão de sua reunião de dois dias para definir a nova taxa básica de juros, a Selic.

A expectativa predominante no mercado é de que o colegiado eleve a taxa em 1 ponto percentual, atingindo o patamar de 14,25% ao ano. A projeção segue indicações emitidas pelo próprio Banco Central em encontros anteriores.

Caso confirmada, essa será a taxa mais elevada desde 2016. A decisão será anunciada oficialmente na quarta-feira (19), ao final da reunião.

Segundo analistas do setor financeiro, o foco principal está no conteúdo do comunicado que acompanhará a deliberação, considerado essencial para avaliar os próximos passos da política monetária.

Relatório publicado pelo Bradesco aponta que “será importante observar a comunicação do Copom e eventuais sinalizações para as decisões futuras”. Após o encontro de março, o comitê indicou que suas ações seguintes dependeriam da evolução dos dados econômicos.

Uma pesquisa de opinião conduzida pelo BTG Pactual com agentes do mercado financeiro revelou divergências quanto à orientação que o Copom deve adotar no comunicado.

Conforme o levantamento, 38% dos participantes defendem que o Banco Central mantenha margem para ajustes, emitindo um comunicado sem indicação explícita sobre a reunião seguinte.

Outro grupo, em proporção próxima, considera que o comitê deveria adotar um tom mais moderado, com sinalização de redução no ritmo de aumento da Selic nas próximas decisões.

A reunião ocorre em um cenário de revisão de indicadores econômicos por parte de instituições financeiras. O Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central, registrou nesta semana a primeira queda na projeção da inflação para o final de 2025 após 20 semanas consecutivas de alta. A estimativa para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) recuou de 5,68% para 5,66%.

Além da revisão inflacionária, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado uma prévia do desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), registrou alta de 0,9% em janeiro de 2025, na comparação com dezembro de 2024. O resultado foi divulgado nesta segunda-feira (17) pelo Banco Central e superou as projeções do mercado.

A variação mensal representa o maior avanço desde junho de 2024. Em relação a janeiro do ano anterior, o crescimento foi de 3,6%. No acumulado dos últimos 12 meses, o índice apresenta expansão de 3,8%.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comentou o resultado do indicador por meio de publicação em suas redes sociais.

“A economia brasileira cresceu 0,9% em janeiro de 2025 em comparação com o mês anterior, a maior alta desde junho do ano passado. Economia crescendo, a indústria aquecida e mais empregos para os brasileiros. Por essas e outras que eu digo que esse é o ano da colheita”, escreveu o presidente.

Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontaram que o PIB brasileiro encerrou o ano de 2024 com expansão de 3,4%. O resultado foi influenciado pelo desempenho da indústria, do comércio e do setor de serviços.

Os indicadores econômicos positivos, aliados à desaceleração das projeções inflacionárias, levaram parte dos analistas a questionar a necessidade de manutenção do atual ritmo de aperto monetário. No entanto, especialistas indicam que o Banco Central pode seguir com postura cautelosa diante de incertezas no cenário externo, variações cambiais e riscos fiscais.

A expectativa quanto ao comportamento futuro da Selic será influenciada, segundo o mercado, pela análise dos dados inflacionários, do desempenho do nível de atividade e do posicionamento da autoridade monetária diante das metas de política econômica.

A decisão do Copom será acompanhada por agentes financeiros, representantes do setor produtivo e integrantes do governo federal. A taxa básica de juros é utilizada como instrumento de controle da inflação e impacta diretamente os custos de crédito e os investimentos no país.

O desfecho da reunião será conhecido após a divulgação oficial do comunicado, previsto para a noite desta quarta-feira. Até lá, o mercado monitora os desdobramentos da reunião e as possíveis implicações para a condução da política monetária nos próximos meses.

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