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O mercado de arte se rende ao dinheiro digital

Enquanto Christie’s e Sotheby’s abraçam o futuro, críticos alertam para desafios de rastreabilidade e possíveis riscos de lavagem de dinheiro Andy Warhol tornou-se famoso ao explorar o vínculo entre arte e comercialismo em suas icônicas serigrafias de sinais de dólar. “Bons negócios são a melhor arte”, ele costumava dizer em tom de brincadeira. Se vivesse […]

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Bitcoin e arte: a nova fronteira do luxo e investimento
Casas de leilão estão adotando criptomoedas para atrair novos colecionadores e movimentar bilhões / Foto: Getty Images

Enquanto Christie’s e Sotheby’s abraçam o futuro, críticos alertam para desafios de rastreabilidade e possíveis riscos de lavagem de dinheiro


Andy Warhol tornou-se famoso ao explorar o vínculo entre arte e comercialismo em suas icônicas serigrafias de sinais de dólar. “Bons negócios são a melhor arte”, ele costumava dizer em tom de brincadeira. Se vivesse nos dias atuais, talvez o artista substituísse os dólares por símbolos de bitcoin, refletindo as mudanças no cenário financeiro global. Recentemente, o mercado de leilões tem demonstrado crescente interesse em aceitar criptomoedas como forma de pagamento, buscando atrair um público mais jovem e tecnologicamente engajado.

Em um leilão dedicado à arte gerada por inteligência artificial, encerrado em 5 de março, a Christie’s, uma das maiores casas de leilões do mundo, passou a aceitar criptomoedas na maioria dos lotes disponíveis. Já a Sotheby’s, líder no setor, aceitou pagamentos em criptomoedas em todos os lotes pela primeira vez durante um evento realizado em fevereiro na Arábia Saudita.

Marcus Fox, da Christie’s, observa que os detentores de criptomoedas estão “se tornando uma parcela mais relevante da população do que há quatro anos, quando ainda eram vistos como um grupo de nicho pouco compreendido pelo mainstream”.

A decisão de adotar criptomoedas é baseada em uma lógica simples: casas de leilões vendem arte em troca de dinheiro, e criptomoedas se enquadram nessa definição. Participar de leilões pode ser uma experiência intimidadora para novatos, mas permitir pagamentos com criptomoedas pode reduzir essa barreira, aumentando a probabilidade de que esses compradores façam lances e retornem futuramente. David Galperin, chefe de arte contemporânea da Sotheby’s, explica que “Um de nossos principais objetivos é desenvolver novas bases de colecionadores e trazer novas pessoas para o ecossistema da Sotheby’s”.

Os motivos dos compradores para usar criptomoedas podem ir além da praticidade. Em muitas jurisdições, quando indivíduos vendem suas criptomoedas, são obrigados a pagar impostos sobre ganhos de capital. No entanto, ao usarem essas moedas diretamente para adquirir arte, alguns podem tentar evitar a tributação enquanto diversificam seus investimentos (embora isso possa resultar em penalidades severas caso sejam descobertos).

Outro possível incentivo seria transformar criptomoedas “sujas” em ativos considerados “limpos”. Defensores das criptomoedas argumentam, corretamente, que dinheiro tradicional também pode ser lavado.

Teoricamente, as criptomoedas deveriam ser mais fáceis de rastrear, já que seu histórico é registrado em blockchains públicos. Contudo, ferramentas como os “mixers” de criptomoedas, que embaralham os fundos dos usuários e permitem saques com origens ocultas, existem para driblar essa suposta transparência.

Tanto a Sotheby’s quanto a Christie’s afirmam que seus processos de conformidade e diligência são rigorosos em relação às criptomoedas e que não aceitam pagamentos provenientes de mixers.

No entanto, um crítico destacado das criptomoedas alerta que a rastreabilidade do blockchain pode ser manipulada “de maneiras extremamente difíceis de detectar”.

Segundo a Revista The Economist, o apoio do governo Trump às criptomoedas deve impulsionar ainda mais a tendência de compra de arte utilizando essas moedas digitais.

Os departamentos de conformidade das casas de leilões terão trabalho extra; as empresas do setor acumularão mais receitas; e os entusiastas de criptomoedas poderão exibir suas novas aquisições artísticas como parte de suas coleções pessoais.

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