O preço do ouro superou pela primeira vez a marca de US$ 3.000 nesta sexta-feira, 15, impulsionado pelo aumento da demanda por ativos considerados seguros em um contexto de instabilidade nos mercados internacionais.
A valorização ocorreu em meio às incertezas econômicas associadas à política tarifária adotada pelo governo dos Estados Unidos.
Durante a sessão, o ouro à vista atingiu o valor recorde de US$ 3.004,86. Após o pico, o preço recuou 0,2% e foi cotado a US$ 2.981,42, com investidores realizando lucros após a forte valorização.
Segundo analistas de mercado, a alta foi influenciada por uma movimentação de investidores em busca de proteção diante do cenário de volatilidade. “Investidores sitiados buscavam o melhor ativo seguro dado o tumulto de Trump nos mercados de ações”, afirmou Tai Wong, operador independente do setor de metais.
A demanda pelo metal também tem sido impulsionada pelas compras realizadas por bancos centrais. A China, principal adquirente global de ouro, aumentou suas reservas pelo quarto mês consecutivo em fevereiro, segundo dados do setor.
“Os bancos centrais continuam com as aquisições de ouro em nível recorde, buscando diversificar de um dólar cada vez mais volátil”, declarou David Russell, presidente-executivo da empresa GoldCore.
O metal registra valorização acumulada de aproximadamente 14% desde o início do ano. Parte desse movimento é atribuído às tensões comerciais e às políticas protecionistas adotadas pelo governo norte-americano, que geraram impactos nos mercados acionários globais.
Tradicionalmente associado à preservação de valor em períodos de incerteza geopolítica e econômica, o ouro vem sendo utilizado por investidores como instrumento de proteção contra oscilações nos ativos de risco. A elevação da procura reflete a percepção de aumento de riscos sistêmicos e de perda de confiança em outras formas de investimento.
No contexto atual, o comportamento dos mercados financeiros tem sido marcado por movimentos de aversão ao risco, redução da exposição em ações e migração para ativos considerados mais estáveis, como ouro, títulos soberanos e moedas fortes.
A política tarifária implementada pelo governo dos Estados Unidos tem sido apontada por analistas como fator central na deterioração do ambiente econômico global. A adoção de medidas protecionistas tem provocado ajustes nas cadeias de fornecimento internacionais e contribuído para a retração da atividade em setores exportadores.
O impacto das tarifas também tem sido observado no desempenho dos principais índices acionários. A volatilidade nos mercados tem motivado investidores a adotar posições mais conservadoras, reforçando a valorização de ativos com menor risco.
A busca por diversificação por parte dos bancos centrais também tem contribuído para sustentar os preços do ouro em níveis elevados. As instituições monetárias têm ampliado a participação do metal nas reservas internacionais como estratégia para mitigar a exposição cambial e reduzir a dependência do dólar.
As perspectivas para o mercado de ouro seguem atreladas à evolução do cenário macroeconômico. A continuidade das tensões comerciais, a resposta dos bancos centrais às dinâmicas inflacionárias e os efeitos sobre o crescimento global são fatores que devem influenciar a trajetória do metal nos próximos meses.
Analistas de instituições financeiras destacam que, embora o preço tenha superado um patamar histórico, o movimento pode não indicar um ciclo prolongado de valorização, caso haja reversão das pressões que motivaram a recente alta.
O mercado também acompanha as sinalizações das autoridades monetárias sobre ajustes nas taxas de juros e políticas cambiais. A valorização do ouro, segundo especialistas, tende a se manter enquanto persistirem fatores de instabilidade e incerteza nos mercados globais.
O fechamento da semana foi marcado pela continuidade da atenção dos investidores ao comportamento do metal e à reação dos demais ativos. A expectativa é de que o volume de negociações permaneça elevado nos próximos dias, com foco na avaliação dos desdobramentos da política comercial dos Estados Unidos e seus efeitos sobre o desempenho econômico global.
Até o momento, não houve manifestações oficiais do governo norte-americano sobre os impactos da valorização do ouro. A Casa Branca também não comentou as críticas do mercado quanto aos efeitos da política tarifária sobre os fluxos de capitais e o desempenho das bolsas.
O mercado de metais continua operando sob forte influência de fatores geopolíticos e decisões econômicas adotadas por grandes economias. O desempenho do ouro permanece como um dos principais indicadores da percepção de risco e da confiança dos agentes financeiros em relação à estabilidade dos mercados internacionais.
Com informações da Reuters