A confiança dos consumidores nos Estados Unidos registrou queda em março de 2025, alcançando o menor patamar desde novembro de 2022. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira, 14, pela Universidade de Michigan, conforme informações do portal ABC News.
O índice, que reflete a percepção dos consumidores sobre a situação econômica, apresentou retração pelo terceiro mês consecutivo. A queda superou as projeções de analistas, sinalizando a ampliação das incertezas em diversos segmentos da economia.
Segundo o levantamento, o recuo no índice está associado a fatores como a guerra comercial promovida pela administração do ex-presidente Donald Trump e à possibilidade crescente de recessão. A pesquisa indicou deterioração das expectativas em relação às finanças pessoais, ao mercado de trabalho, à inflação e ao desempenho do mercado de ações.
A percepção negativa foi observada entre eleitores de diferentes orientações políticas. “Tanto eleitores democratas quanto republicanos manifestaram uma visão mais pessimista, embora a redução tenha sido mais acentuada entre os democratas, indicando um cenário de preocupação generalizada”, aponta o relatório.
A pesquisa também mostrou que as expectativas inflacionárias entre os consumidores se elevaram. A projeção para a taxa de inflação no período de um ano subiu para 4,9%, superior ao nível registrado em fevereiro. Segundo o levantamento, a elevação está relacionada ao impacto das tarifas comerciais impostas pelo governo Trump a países como China e membros da União Europeia.
As tarifas têm resultado em aumento de preços ao consumidor, o que, segundo economistas, eleva o risco de estagflação — situação caracterizada pela combinação de inflação elevada com baixo crescimento econômico.
O índice S&P 500, um dos principais indicadores do mercado acionário norte-americano, caiu mais de 10% na quinta-feira (13), em relação ao pico registrado no mês anterior. O movimento configura uma correção no mercado, a primeira desde outubro de 2023. Apesar de uma recuperação parcial observada nesta sexta-feira, analistas apontam que a instabilidade deve persistir no curto prazo.
O cenário atual tem ampliado as preocupações sobre os efeitos das políticas comerciais e suas repercussões sobre a economia interna. Economistas afirmam que a manutenção de medidas protecionistas pode provocar retaliações de parceiros comerciais, afetando o desempenho das exportações norte-americanas e aprofundando a desaceleração econômica.
O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, também acompanha os desdobramentos. A alta nas expectativas de inflação poderá levar a autoridade monetária a revisar sua política de juros. Um eventual aumento das taxas em um contexto de atividade econômica enfraquecida pode intensificar os efeitos da desaceleração já observada em setores produtivos.
Analistas consultados por instituições financeiras avaliam que os indicadores recentes devem repercutir nas próximas decisões de política econômica, tanto no âmbito fiscal quanto monetário. A redução na confiança do consumidor é considerada um sinal relevante de que os impactos da política comercial e da instabilidade financeira estão sendo absorvidos pela população.
A Universidade de Michigan informou que o índice de sentimento do consumidor passou a refletir também a percepção de risco associada à evolução dos conflitos comerciais. O relatório destaca que a perspectiva dos consumidores para o desempenho da economia no médio prazo apresenta tendência de deterioração.
A pesquisa da Universidade de Michigan é um dos principais termômetros da atividade econômica doméstica e costuma ser monitorada por investidores, formuladores de políticas públicas e instituições financeiras. O levantamento é realizado mensalmente com uma amostra representativa da população adulta dos Estados Unidos, medindo a avaliação dos consumidores sobre suas condições atuais e expectativas futuras.
O resultado de março reforça o quadro de incerteza sobre a trajetória da economia norte-americana nos próximos meses. Com inflação em alta, mercado acionário volátil e aumento das tensões comerciais, o ambiente econômico apresenta sinais de pressão sobre o consumo, um dos principais motores do crescimento nos Estados Unidos.
A próxima divulgação da pesquisa está prevista para abril e poderá indicar se a tendência de queda na confiança do consumidor será mantida.
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