Representantes da China, Rússia e Irã afirmaram nesta quinta-feira, 13, que os três países irão intensificar a coordenação política em organismos multilaterais, como o BRICS e a Organização de Cooperação de Xangai (OCS). A decisão foi anunciada após reunião realizada em Pequim, que teve como pauta principal a questão nuclear iraniana.
A declaração conjunta foi apresentada durante entrevista coletiva pelo vice-ministro das Relações Exteriores da China, Ma Zhaoxu, que presidiu o encontro. “As partes concordaram em apoiar e fortalecer a coordenação em plataformas multilaterais e dentro de organizações internacionais como o BRICS e a OCS”, afirmou Ma.
A reunião contou com a presença do vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergey Ryabkov, e do vice-ministro das Relações Exteriores do Irã, Kazem Gharibabadi.
Os três países defenderam maior integração política e institucional em foros internacionais que não são liderados por países ocidentais, como forma de ampliar sua atuação conjunta em temas estratégicos.
O encontro ocorreu em meio a tensões crescentes em debates sobre programas nucleares e sanções econômicas. Embora o foco da reunião tenha sido o diálogo em torno da questão nuclear iraniana, os representantes diplomáticos destacaram a necessidade de ampliar a cooperação em outros eixos multilaterais.
O BRICS — atualmente composto por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita — tem sido apontado por autoridades chinesas e russas como uma plataforma relevante para a construção de uma nova ordem internacional multipolar.
A OCS, por sua vez, é composta por países da Ásia Central e tem como foco a cooperação em áreas como segurança regional, economia e política externa.
A China vem intensificando nos últimos anos seu papel como articuladora de parcerias multilaterais com foco em temas regionais e estratégicos, enquanto Rússia e Irã buscam alternativas para driblar o isolamento diplomático e as sanções impostas por países ocidentais.
Durante a reunião, os três representantes afirmaram que os países pretendem coordenar posições conjuntas sobre assuntos globais e regionais, inclusive no campo da segurança internacional.
Os diplomatas não detalharam os próximos passos, mas indicaram que novas reuniões serão realizadas em formatos bilaterais e multilaterais para acompanhamento das agendas discutidas.
Em pronunciamentos anteriores, autoridades dos três países já haviam defendido maior autonomia das organizações internacionais frente à influência de países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e da União Europeia.
As declarações feitas em Pequim seguem nessa linha, com ênfase em uma maior atuação coordenada entre as potências não ocidentais.
O Irã, que passou a integrar oficialmente o BRICS em 2024, busca ampliar sua presença diplomática em plataformas multilaterais.
O país tem participado ativamente de reuniões do grupo e busca estabelecer acordos bilaterais com outros membros. Já a Rússia tem reforçado o discurso de alinhamento estratégico com países do Sul Global como parte de sua política externa pós-sanções.
A reunião também ocorre no contexto de discussões sobre a retomada do acordo nuclear com o Irã, suspenso desde 2018, quando os Estados Unidos se retiraram unilateralmente do pacto conhecido como Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA).
Embora esse tema não tenha sido detalhado na declaração conjunta, a coordenação entre China, Rússia e Irã nesse campo tem sido frequente.
A China tem se posicionado favoravelmente à retomada das negociações do acordo nuclear sob supervisão da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA). A Rússia, por sua vez, também defende o retorno ao pacto, desde que as sanções contra o Irã sejam reduzidas.
O comunicado divulgado ao fim da reunião não apresentou propostas específicas sobre o programa nuclear iraniano, mas reforçou a intenção de manter o diálogo aberto entre os países signatários do acordo original.
Os três países indicaram que pretendem ampliar a interlocução em temas estratégicos e reforçar a atuação conjunta em organismos internacionais nos próximos meses. A expectativa é que as agendas discutidas em Pequim sejam incorporadas em reuniões futuras dos fóruns multilaterais dos quais fazem parte.
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