Aliados de Bolsonaro temem prisão de ex-presidente nos próximos meses

Direto pra Papuda

O grupo político mais próximo de Jair Bolsonaro (PL) trabalha com a perspectiva de que o julgamento do ex-presidente seja concluído em setembro e que ele possa ser preso ainda em 2025. Diante dessa possibilidade, aliados do ex-mandatário vêm criticando a condução do processo, alegando que ocorre de maneira acelerada e que a velocidade indica uma sentença desfavorável.

A rapidez da tramitação tem causado surpresa até mesmo a Bolsonaro, que já esperava um julgamento célere, mas não na intensidade com que tem ocorrido. O cenário nos bastidores do núcleo bolsonarista tem sido descrito como uma “perseguição” promovida pelo STF. Como resposta, aliados estudam um giro internacional para denunciar o que classificam como um julgamento político, similar ao que foi feito pela defesa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante os processos contra ele.

Interlocutores de Bolsonaro apontam uma série de procedimentos considerados incomuns no processo: a denúncia foi apresentada em uma quarta-feira à noite e Bolsonaro citado no início da tarde do dia seguinte; o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, liberou o processo para julgamento no mesmo dia em que a Procuradoria-Geral da República (PGR) devolveu os autos; e o ministro Cristiano Zanin, também no mesmo dia, agendou o julgamento do recebimento da denúncia. Além disso, os autos foram remetidos à PGR no mesmo dia em que as últimas defesas foram apresentadas.

A estratégia inclui buscar apoio em organismos internacionais, assim como Cristiano Zanin, então advogado de Lula, fez em 2016 ao apresentar denúncias ao Comitê de Direitos Humanos da ONU, em Genebra. O comitê acabou reconhecendo, em 2022, que houve irregularidades no julgamento do petista.

A comparação com a Ação Penal 470, conhecida como “mensalão” vendo sendo lembrada por aliados de Bolsonaro para criticar a rapidez do julgamento. O caso que envolveu líderes petistas levou sete anos entre a denúncia da PGR e a conclusão no STF, enquanto Bolsonaro foi denunciado em fevereiro e a previsão é que o desfecho ocorra em apenas oito meses.

Fontes próximas ao ex-presidente esperam pressionar as autoridades judiciais ao sugerirem que o julgamento pode resultar em tensões sociais. Aliados destacam que o governo Lula enfrenta um momento difícil em termos de popularidade e apontam pesquisas nas quais Bolsonaro aparece bem posicionado na corrida presidencial de 2026. Diante disso, setores da oposição calculam que teriam votos suficientes para aprovar uma anistia não apenas aos investigados do 8 de janeiro, mas também ao próprio ex-presidente, o que, segundo seus aliados, tem sido ignorado pela rapidez do STF no julgamento.

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