A Rússia encaminhou aos Estados Unidos uma lista de exigências como condição para avançar em um possível acordo que vise encerrar o conflito na Ucrânia e redefinir as relações bilaterais com Washington. As informações foram divulgadas pela agência Reuters, com base em fontes familiarizadas com as tratativas.
Os termos apresentados por Moscou foram discutidos ao longo das últimas três semanas, em encontros presenciais e virtuais entre autoridades dos dois países. Ainda não há confirmação sobre a disposição do Kremlin em iniciar negociações com Kiev antes da aceitação dos pontos propostos.
A expectativa é que o presidente russo Vladimir Putin trate do assunto nesta quinta-feira (13), durante entrevista coletiva conjunta com o presidente da Belarus, Alexander Lukashenko, segundo a agência TASS.
Entre as exigências russas estão a garantia de que a Ucrânia não será integrada à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), a proibição do envio de tropas estrangeiras ao território ucraniano e o reconhecimento internacional da soberania russa sobre a Crimeia e quatro regiões atualmente sob controle militar da Rússia.
As fontes ouvidas pela Reuters indicam ainda que Moscou espera que Estados Unidos e OTAN considerem o que classifica como “causas raízes” do conflito, entre elas a expansão da aliança militar para o Leste Europeu.
Cessar-fogo de 30 dias está em análise
O governo dos Estados Unidos aguarda uma resposta da Rússia sobre a proposta de cessar-fogo de 30 dias. A iniciativa foi sugerida pelo presidente Donald Trump. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, declarou na última terça-feira (11) que apoiaria a trégua como etapa inicial de um processo mais amplo de negociação de paz.
Até o momento, não há definição sobre o posicionamento do Kremlin quanto ao pedido. Os termos de um possível cessar-fogo ainda não foram finalizados. Nem a Casa Branca nem a embaixada da Rússia em Washington se pronunciaram oficialmente sobre o conteúdo das conversas em andamento.
Exigências repetem propostas anteriores
As reivindicações russas apresentadas recentemente aos Estados Unidos não representam uma mudança de posição do Kremlin. Termos semelhantes foram entregues por Moscou ao governo Biden em reuniões realizadas entre o fim de 2021 e o início de 2022, antes do início da ofensiva militar russa em solo ucraniano, no dia 24 de fevereiro de 2022.
Na ocasião, a Rússia solicitou que Estados Unidos e OTAN limitassem suas atividades militares na Europa Oriental e na Ásia Central. Um esboço de acordo foi discutido em Istambul em 2022, mas não foi aprovado pelas partes. No documento, a Rússia propunha que a Ucrânia assumisse um status de neutralidade permanente e se comprometesse a não aceitar assistência militar estrangeira sem o aval de Moscou.
Divisão no governo Trump sobre estratégia
A condução das negociações com a Rússia tem gerado divergências internas na administração Trump. Steve Witkoff, enviado especial dos Estados Unidos para o Oriente Médio, afirmou à CNN no mês passado que os termos discutidos em Istambul foram “convincentes e substantivos”, sugerindo que o conteúdo poderia servir como base para um futuro acordo de paz.
Por outro lado, o general aposentado Keith Kellogg, principal enviado da administração Trump para assuntos relacionados à Ucrânia e Rússia, descartou a retomada dos termos anteriores. “Acho que temos que desenvolver algo totalmente novo”, declarou Kellogg em evento realizado no Conselho de Relações Exteriores.
Propostas russas vão além da Ucrânia
As exigências apresentadas por Moscou envolvem também mudanças na estrutura de segurança da Europa. A Rússia busca limitar a atuação da OTAN em países do Leste Europeu e pressiona os Estados Unidos a suspender exercícios militares em novos Estados-membros da aliança.
Além disso, Moscou solicita a retirada de mísseis de alcance intermediário instalados pelos Estados Unidos em território europeu, como parte de um esforço para reconfigurar o equilíbrio militar na região.
As conversas entre Moscou e Washington seguem em curso e envolvem não apenas o futuro da Ucrânia, mas também possíveis alterações nas diretrizes estratégicas que definem a atuação militar das potências ocidentais na Europa e na Ásia Central.
Até o momento, não há previsão de conclusão das negociações. As partes evitam manifestações públicas enquanto os termos continuam sendo analisados.
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