Projeto bilionário em Iperó (SP) promete melhorar diagnósticos e garantir mais acesso a tratamentos para pacientes do SUS, reduzindo a dependência de importação
Um reator nuclear será construído em Iperó, no interior de São Paulo, com o objetivo de melhorar o acesso a medicamentos e diagnósticos para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). O projeto, chamado Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), tem potencial para transformar o tratamento de doenças como o câncer e impulsionar a pesquisa científica no país. Segundo o g1, o início das obras foi acompanhado pela Ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luciana Santos, na segunda-feira do dia 24 de fevereiro. A ministra visitou o município acompanhada de uma comitiva de cientistas e pesquisadores, onde participou de uma exposição interativa para entender o funcionamento e as funcionalidades do reator.
O investimento no projeto está estimado entre R$ 3 bilhões e R$ 6 bilhões, com previsão de conclusão em até cinco anos. Durante esse período, a construção deve gerar cerca de mil empregos diretos e indiretos, abrangendo setores como construção civil, laboratórios e serviços especializados.

“O desenvolvimento de uma cadeia produtiva, inclusive local, envolvimento de empresas, prestadores de serviço, geração de emprego. Nós temos cinco anos de um trabalho intenso de engenharia, vamos contratar alguns milhares de trabalhadores e, depois, isso vai ter continuidade com o funcionamento do reator”, explicou Francisco Rondinelli Junior, presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
O reator de pesquisa utilizará nêutrons para diversas finalidades, como a produção de radioisótopos, testes de materiais sob radiação, análise de combustíveis nucleares e pesquisas científicas. Os radioisótopos são essenciais para a fabricação de radiofármacos, usados tanto no tratamento quanto no diagnóstico de doenças, como o câncer.
“O nosso objetivo é nos tornar autônomos na produção de um insumo muito importante para tratamento de câncer, que são os radioisótopos. […] Podemos não só suprir o SUS, mas até, a partir disso, ter escala para exportar”, afirmou a ministra Luciana Santos.

Segundo o g1, o RMB representa um marco para a ciência brasileira, com impacto direto na produção de radioisótopos para a saúde, na pesquisa nuclear e na inovação tecnológica de forma sustentável. A iniciativa também visa reduzir a dependência de importações, já que atualmente o Brasil compra substâncias essenciais de países como Argentina, África do Sul e Holanda.
“A ideia é dar muito mais acesso para toda a população nessa área de medicina nuclear. Suprir toda a demanda reprimida que existe no Brasil hoje”, completou Patrícia Pagetti, coordenadora técnica do RMB.
Com a conclusão do projeto, o reator será capaz de produzir localmente substâncias que hoje são importadas, garantindo maior autonomia ao SUS e fortalecendo a capacidade do Brasil em atender às necessidades de saúde da população. Além disso, o RMB deve impulsionar a pesquisa científica e tecnológica, consolidando o país como um player relevante no cenário nuclear global.
Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!