O Ministério da Segurança do Estado da China informou nesta quinta-feira, 13, que um funcionário público identificado pelo sobrenome Zhang foi preso após ser acusado de fornecer informações confidenciais a uma agência de inteligência estrangeira.
O caso ocorreu após Zhang ser alvo de uma operação de armadilha de mel durante sua estadia em missão no exterior.
De acordo com comunicado divulgado pelo ministério em sua conta oficial em uma rede social, Zhang foi enviado ao exterior para trabalhar em uma instituição chinesa e, durante o período, passou a frequentar estabelecimentos considerados de alto padrão.
Foi nesse contexto que ele estabeleceu contato com um indivíduo identificado como Li, descrito pelas autoridades como um agente estrangeiro infiltrado em uma associação empresarial local.
O Ministério da Segurança do Estado afirmou que Zhang manteve contato regular com Li, e em uma das interações teria perguntado sobre locais de entretenimento na região.
Segundo o comunicado, a partir dessa abordagem, Li e seus superiores planejaram uma operação conhecida como armadilha de mel, que consiste no uso de relações íntimas como estratégia para comprometer e cooptar alvos de interesse.
Ainda conforme o relato oficial, seguindo instruções de sua agência de inteligência, Li convidou Zhang a um bordel local, onde este foi flagrado por agentes de segurança locais solicitando serviços de prostituição. Após ser detido, Zhang teria solicitado ajuda ao próprio Li para evitar consequências legais.
O ministério afirmou que Li então recorreu a outro agente de inteligência estrangeira, apresentado como seu “irmão”, que teria conduzido a retirada de Zhang da situação com apoio logístico. A partir desse momento, segundo as autoridades chinesas, Zhang passou a cooperar com os agentes estrangeiros, entregando informações classificadas.
O comunicado do governo chinês não especifica o país de origem da agência de inteligência envolvida no caso. Também não foram divulgados detalhes sobre o conteúdo das informações repassadas nem o grau de sigilo dos dados compartilhados.
As autoridades afirmaram que o episódio exemplifica os riscos enfrentados por funcionários públicos designados ao exterior, destacando a atuação de serviços estrangeiros em operações de infiltração e cooptação.
O Ministério da Segurança do Estado reforçou, no mesmo comunicado, que continuará monitorando essas situações e adotando medidas de prevenção contra práticas de espionagem.
O caso ocorre em meio ao aumento das atividades de contrainteligência promovidas pelo governo chinês, que tem ampliado publicamente suas ações de combate ao que classifica como ameaças à segurança nacional.
Desde 2023, as autoridades têm intensificado campanhas de conscientização e fiscalização voltadas à proteção de informações estratégicas, especialmente no contexto internacional.
Em nota anterior, o Ministério da Segurança do Estado já havia divulgado diretrizes para servidores designados ao exterior, alertando para riscos relacionados a abordagens direcionadas por agentes estrangeiros e incentivando o relato de interações incomuns às autoridades competentes.
A divulgação pública do caso envolvendo Zhang segue a linha adotada pelo governo chinês nos últimos meses, com a publicação de relatos de incidentes envolvendo espionagem, recrutamento internacional e cooptação de servidores.
Segundo o ministério, essas ações visam fortalecer a cultura de segurança entre agentes públicos e alertar potenciais alvos de operações externas.
As autoridades não informaram se Zhang já foi formalmente acusado criminalmente, nem o status atual de sua detenção. Também não foi informado se os envolvidos estrangeiros continuam em atividade ou se houve comunicação diplomática com os países supostamente envolvidos no caso.
O Ministério da Segurança do Estado concluiu o comunicado destacando que “ações semelhantes não serão toleradas” e que medidas serão aplicadas para garantir a proteção de informações consideradas sensíveis.
A pasta reforçou que casos como o de Zhang servem como exemplo para reforçar os protocolos internos e ampliar os mecanismos de controle sobre atividades consideradas de risco por parte de servidores designados a missões internacionais.
Com informações do SCMP