Trump expande tarifaço sobre aço e alumínio e atinge valor bilionário em produtos

REUTERS/Eric Thayer/Proibida reprodução

As novas tarifas sobre aço e alumínio impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entram em vigor nesta quarta-feira (12), afetando aproximadamente US$ 150 bilhões em produtos fabricados com esses metais.

A medida incide sobre itens como peças automotivas, componentes industriais e utensílios domésticos, com alíquota de 25%.

As tarifas passam a ser aplicadas após o fim de isenções, exclusões e cotas anteriormente concedidas. Centenas de categorias de produtos serão tarifadas pela primeira vez, segundo análise da Reuters baseada em dados do governo dos EUA.

O valor total das importações afetadas em 2024 chega a US$ 147,3 bilhões, de acordo com dados da Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos. Dois terços referem-se a produtos de alumínio e um terço a produtos de aço.

A medida amplia a política tarifária adotada durante o primeiro mandato de Trump. Na ocasião, as tarifas sobre produtos industriais chineses totalizaram US$ 50 bilhões por ano.

Agora, apenas componentes de alumínio utilizados em veículos representam mais de US$ 25 bilhões em importações anuais afetadas. Outros US$ 15 bilhões correspondem a móveis e peças metálicas.

Entre os produtos incluídos estão pias de aço inoxidável, fogões, serpentinas de evaporadores de ar condicionado, ferraduras, frigideiras de alumínio e dobradiças metálicas. A nova rodada de tarifas abrange também peças de maquinário, móveis de metal e materiais de construção.

As tarifas atingem diretamente fornecedores do Canadá e do México, principais parceiros comerciais dos Estados Unidos.

Ambos os países já enfrentam outras medidas tarifárias norte-americanas, como as taxas de 25% relacionadas ao tráfico de fentanil. No entanto, alguns produtos permanecem isentos por estarem em conformidade com o Acordo EUA-México-Canadá.

Nesta terça-feira, 11, Trump ameaçou impor tarifas de 50% sobre o aço e o alumínio canadenses, mas recuou após o governador de Ontário, Doug Ford, retirar uma sobretaxa de 25% sobre exportações de eletricidade do estado para os EUA.

O objetivo declarado da administração é fortalecer a produção doméstica de aço e alumínio, estimular a indústria nacional e promover o emprego nos Estados Unidos.

As novas tarifas fazem parte de uma série de ações previstas para o início do segundo mandato de Trump, que deve incluir medidas recíprocas de equalização tarifária com outros países a partir de abril.

Dan Ujczo, advogado da área de comércio internacional no escritório Thompson Hine, afirmou que o impacto será sentido diretamente em setores como construção e indústria automotiva.

“Esses são produtos que os consumidores sentirão nas prateleiras, especialmente no setor de construção e no setor automotivo”, disse.

Segundo ele, empresas do setor imobiliário estão suspendendo projetos de desenvolvimento por falta de previsibilidade nos custos dos materiais nos próximos meses.

Fabricantes de equipamentos agrícolas e industriais nos Estados Unidos também avaliam repassar o aumento de custos ao consumidor.

A Husco, empresa de componentes hidráulicos com sede em Waukesha, Wisconsin, afirmou que a medida afeta sua cadeia de suprimentos, mesmo comprando aço no mercado interno.

O presidente-executivo da Husco, Austin Ramirez, declarou que muitos componentes importados, como peças usinadas de aço, sofrerão elevação nos preços.

“O impacto mais dominante será o custo mais alto de nossos insumos”, disse.

Ele afirmou que, em muitos casos, mesmo com o acréscimo tarifário de 25%, a importação ainda se mostra mais viável do que buscar fornecedores nos EUA.

A empresa já havia transferido parte da produção para fora da China após a primeira rodada de tarifas em 2018, mas enfrenta dificuldades para fazer o mesmo com itens de maior demanda por mão de obra, devido ao custo salarial nos Estados Unidos.

Kip Eideberg, da Associação de Fabricantes de Equipamentos, disse que a tendência é de aumento nos preços finais de tratores e colheitadeiras no país.

“Se for 8% mais caro fabricar tratores e colheitadeiras nos EUA, parte disso inevitavelmente, infelizmente, será repassada aos clientes”, afirmou.

Desde o anúncio das novas medidas, os preços futuros do aço laminado a quente no meio-oeste norte-americano subiram mais de 21%, alcançando US$ 925 por tonelada.

A Casa Branca não comentou sobre os efeitos econômicos das tarifas. Em nota, o porta-voz Kush Desai declarou que a política é uma extensão da agenda econômica do governo.

“Em seu segundo mandato, o presidente Trump usará novamente as tarifas para nivelar o campo de atuação dos trabalhadores norte-americanos e reacender o poder industrial dos Estados Unidos”, afirmou.

As novas tarifas integram o conjunto de iniciativas denominado “America First”, que também prevê incentivos à produção energética e reformas fiscais voltadas à reindustrialização do país.

Com informações da Reuters

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