Governo Lula avalia resposta a tarifação do aço e alumínio imposta por Trump

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou uma reunião nesta quarta-feira, 12, com ministros e auxiliares para discutir a resposta do Brasil às tarifas sobre o aço e o alumínio impostas pelo governo de Donald Trump.

A medida, que também afeta outros países, gerou um aumento nas tensões comerciais e oferece ao governo brasileiro uma oportunidade para definir uma postura estratégica em relação ao impacto econômico e político da decisão do ex-presidente dos Estados Unidos.

Segundo informações de fontes próximas ao governo, a reunião não se limita à reação econômica, mas também aborda as consequências políticas internas, especialmente no campo da direita brasileira.

“Está claro que, se adotarmos a reciprocidade, será por conta da intransigência americana. Trump está desgastando o bolsonarismo. Uma ala da direita vai ter de optar entre defender o interesse nacional ou a ideologia cega”, afirmou um auxiliar de Lula, em referência à divisão interna provocada pela medida.

O impacto das tarifas de Trump gerou reações negativas em diversas partes do mundo, incluindo reações do mercado global, o que, de acordo com um ministro do governo, fortalece a posição do Brasil em defesa de seus interesses nacionais.

O governo federal considera que a aplicação de tarifas retaliatórias pelos Estados Unidos pode ser uma oportunidade para demonstrar a independência política e econômica do Brasil, afastando-se de alinhamentos ideológicos específicos.

Em resposta à medida, o governo brasileiro está analisando quais produtos poderiam ser alvo de sobretaxação como uma forma de retaliação.

“Nós vamos agir. O que se debate agora é quando”, afirmou uma fonte do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), indicando que a retaliação está em estágio avançado de planejamento. A expectativa é de que uma decisão final seja tomada em breve.

Além de uma possível ação comercial, o governo também considera envolver o Congresso Nacional no debate, com a criação de um projeto de lei ou medida provisória que busque proteger setores estratégicos, como o agronegócio, em caso de novas barreiras tarifárias impostas pelos Estados Unidos.

Essa abordagem forçaria importantes bancadas do Congresso a se posicionarem de forma pragmática sobre o tema.

A decisão de Trump também teve repercussões no cenário político interno, sendo utilizada pela base governista como um argumento para enfraquecer a indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) à presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.

A indicação de Eduardo Bolsonaro, que é um apoio declarado do ex-presidente Trump, tem enfrentado crescente resistência, tanto dentro quanto fora do Congresso Nacional.

A base do governo Lula acredita que Eduardo Bolsonaro, em suas viagens aos Estados Unidos, estaria buscando incitar políticos americanos contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e conspirar contra os interesses do Brasil.

Nesse contexto, parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT) chegaram a pedir a apreensão do passaporte do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Além disso, o líder da oposição na Câmara, deputado Luciano Zucco (PL-RS), solicitou um encontro com o procurador-geral da República, Paulo Gonet, para discutir a queixa-crime apresentada pelo PT ao Supremo Tribunal Federal (STF), que pede a apreensão do passaporte de Eduardo Bolsonaro.

A situação gerou um acirramento no clima político e aumentou as tensões entre o governo e setores da oposição.

O desdobramento da questão da tarifação de aço e alumínio imposta por Trump não só afeta as relações comerciais entre o Brasil e os Estados Unidos, mas também está moldando o cenário político interno, com um debate sobre como os alinhamentos ideológicos e as questões de segurança econômica devem influenciar a resposta brasileira.

A próxima semana será crucial para definir as estratégias do governo Lula, tanto em termos de ação comercial quanto em relação ao fortalecimento das posições políticas internas.

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